Pouca atenção teve a notícia da Folha, ontem, de que o governo federal, por uma simples portaria, desobrigou quase todas as empresas a manterem o domingo como dia preferencial do descanso semanal de seus trabalhadores sem que se negocie a sua reposição com os sindicatos dos trabalhadores. A Portaria do Ministério da Economia lista 91 atividades mas, no seu último item, inclui as atividades que Jair Bolsonaro decretou serem essenciais no início da pandemia.
Portanto, quase todas, porque era com isso que ele pretendia reabrir, na marra, a economia brasileira.
Sem os sindicatos, a compensação dos domingos será como o patrão quiser e, com a ameaça de desemprego causada pela crise, ninguém duvida que o trabalhador terá de baixar a cabeça e aceitar.
Se a folga for “compensada” com um dia livre durante a semana, nem sequer a pagamento extra terá direito, por conta da “reforma trabalhista” de Michel Temer.
Muito menos a negociar o trabalho extra pela manutenção do emprego, não só uma necessidade como algo absolutamente coerente com empresas que dizem ter de funcionar aos domingos para atender melhor à demanda.
O “dá ou desce” é evidente.
É por isso que a página da Fiesp comemora: “Pleito Fiesp Ciesp atendido“!
Consuma-se, na prática, a burla à medida proposta por Jair Bolsonaro numa medida provisória, ano passado, que caducou e previa o fim do domingo como dia de folga preferencial para os trabalhadores.