O continente europeu vai fechar o dia com quase 230 mil novos casos de infecção pelo novo coronavírus.
É um número seis vezes maior do que o registrado no ápice da “primeira onda da pandemia”.
Ainda que o número de morte ainda não tenha subido tanto – é a metade do que se registrava naqueles dias -, já atinge a marca de 2 mil por dia.
(Não se precipite em achar que a doença atenuou sua agressividade, há muitas razões para isso, como a disponibilidade de leitos, o aprendizado das equipes médicas e até a abundância, que não havia antes, para medir com mais precisão os contágios).
Explosão parecida acontece nos Estados Unidos e pode ser vista no gráfico aí de cima, do jornal inglês Financial Times, onde as linhas seguem a média móvel semanal de casos e as datas de registro dos primeiros casos.
Nele, é fácil observar que quando a “primeira onda” subia na União Europeia e nos EUA, ainda era uma marolinha por aqui.
Muita gente – inclusive pessoas de boa-fé, minimizavam o problema e a frase típica deste comportamento era “mas a dengue mata mais”.
Matava, não é?
Um mês e meio depois, eles começavam a decair e o Brasil os ultrapassou, chegando perto de 1.500 mortes por dia e somando a antes inacreditável e agora desprezada marca de 156 mil mortos.
Agora, Europa e também os EUA – onde as internações hospitalares por coronavírus cresceram 40% no último mês – retomam o crescimento do número de casos e é absolutamente provável que, dentro de algumas semanas, repita-se aqui o mesmo movimento.
Afinal, o vírus é o mesmo e o brasileiro é um ser humano como todos os demais, e não, como disse Bolsonaro, “um caso a ser estudado, que mergulha no esgoto e não fica doente”.
Mas, na iminência de um precipício, o Brasil se porta como se fossemos uma turma de adolescentes imprudentes, para a qual a economia é como se fosse uma “balada” à qual se deve dar prioridade acima de qualquer coisa. E, neste caso, superior ao próprio valor da vida.