Embora as diferenças no total de votos sejam minúsculas, é quase impossível que a definição do processo eleitoral norte-americano deixe de proclamar Joe Biden como o novo presidente norte-americano.
No curioso sistema eleitoral norte americano, a proclamação da vitória será feita pela mídia, embora possa haver – e haverá – apelação contra estes números. Mas como Biden terá uma “sobra” de delegados em que uma eventual mudança em um estado não invalidará seu triunfo nas urnas.
É diferente, porém, de sua legitimação política, que ainda está por ser obtida.
Da próxima semana em diante, quando ainda não for presidente dos EUA de direito – a posse é em 20 de janeiro – o democrata já será o presidente político do país e, além das provocações de Donald Trump – que serão, ao que parece, tratadas lateralmente, como birra, a menos que degenerem em atos violentos ou massivos – terá de enfrentar a batalha da pandemia.
O que ele recomendar e anunciar será, naturalmente, recebido como a nova orientação do Governo Federal dos EUA e é sobre isso que as pessoas quererão ouvi-lo, em seu país e no mundo.
Porque, passada a agonia da apuração em conta-gotas e das gotas de diferença nos votos, a atenção do mundo se voltará para aquilo que está já acontecendo.
E o que acontece é a antessala de um desastre ainda maior do que a primeira onda da pandemia.
O Instituto de Métricas e Avaliações em Saúde da Universidade da Universidade de Washington estima que, nos próximos três meses, o total de mortes nos Estados Unidos chegará a 400 mil e passará de 900 mil na Europa e países da Ásia Central.
No mundo, calculam que as atuais 1,24 milhão de mortes dobrarão até 1° de fevereiro.
Para ser mais bem compreendido: isso significa uma letalidade tês vezes maior do que a que tivemos nos quase nove meses desde o início da pandemia.
Defender e anunciar a adoção medidas duras não será “popular” e agradável para o presidente eleito, mas pode ser o seu primeiro passo para restabelecer a posição de líder de seu país, destruída por Donald Trump, que se tornou o franqueador de movimentos fascistas e estúpidos planeta afora.
Não fazê-lo, porém, será levar água para o moinho da direita radical, que o chamava da “Lazy Joe”, preguiçoso, como fazia Trump para atacá-lo.