Tomara que não esteja certo em achar que se está menos prezando o aparecimento no Brasil da variante do SarsCov-2 surgida na Inglaterra e já detectada em dezenas de países.
Porque o número de pessoas contaminadas diariamente no Reino Unido – veja o espantoso gráfico aí em cima – explodiu desde que ela surgiu e caminha para se tornar a variante mais comum na ilha.
O número de pessoas infectadas detectadas diariamente cresceu 42% na última semana e 400% desde o início de dezembro.
O número de 59 mil novos casos registrados hoje é , em proporção populacional ao Brasil, como se tivéssemos aqui 185 mil casos diários.
Os dois casos confirmados em São Paulo – Uma mulher de 25 anos e um homem de 34 anos – foram encontrados por um laboratório particular, ao aplicarem um teste usado em menos de 1% das investigações sobre a presença do vírus
O caso dos dois deveria estar provocando muito mais preocupação e o argumento de que se tratavam de pessoas que tiveram contato com viajantes vindos de Londres não se sustenta.
A chance de que muitos passageiros de seus voos tenha se contaminado e “passado adiante” a infecção é imensa. Além disso, quantos contatos estas pessoas tiveram no Brasil, desde que desembarcaram do avião? Quando chegaram? Todos os passageiros e tripulantes foram testados e postos em isolamento preventivo? Como é que o secretário de Saúde de São Paulo diz que um deles “já voltou para lá”, se para embarques internacionais é exigido um teste negativo de Covid-19?
Tudo aqui se repete, com a subestimação do perigo enquanto há chance de controlá-lo e não foi diferente desta vez, quando demoramos dias para fazer o que a maioria dos países fez: suspender os voos vindos de Londres e estabelecer medias de triagem e isolamento aos que estavam chegando naquele momento.
É inacreditável a falta de capacidade das autoridades brasileiras de se anteciparem, num momento em que a escalada da doença – nem liguem para os números de “feriado” que estão sendo anunciados, esperem os de amanhã – retoma proporções aterrorizantes.
Parece que estamos mais preocupados com a história da “vacina gunga dim” inventada de última hora só para evitar que a “vacina calcinha apertada” seja a primeira a ser aplicada.