A turma da bufunfa no Brasil acha que tudo se faz apenas com dois ingredientes: dinheiro e esperteza.
Políticos, para eles, são os que, lamentavelmente, necessitam para que sejam apenas as suas as regras da política econômica e, num nível crescente, cuide de haver polícia, infraestrutura para a economia (energia, rodovias, portos, aeroportos, etc). O resto é absolutamente acessório.
À diferença do que ocorreu em boa parte do século passado, não existe nem projeto nem desejo de que o Brasil tenha um desenvolvimento minimamente sustentável socialmente. Sustentabilidade, aliás, só mesmo no que envolve marketing.
Assim, não surpreende que estejam buscando um candidato “Cinderelo”, o qual possam colocar numa carruagem de mídia, bem vestido e apresentável, para calçar o sapatinho de cristal da Presidência.
De bons modos, claro, para deixar para trás a experiência que tiveram quando este feitio não serviu e tiveram de apelar para um ogro.
Não sei o que lhes será mais difícil, a esta altura: criar um príncipe ou esvaziar o monstro.
Bolsonaro, ainda que combalido, ainda é prevalente no campo conservador e conta com um núcleo incondicional de apoio. Ele pode – e está – recuando taticamente, mas ninguém espere que vá desabar tendo o poder na mão.
É claro que falta nesta articulação onírica – que poderia se chamar “projeto serve qualquer um que não seja o Lula, com quem ganhamos muito dinheiro” – um detalhe: o voto.
Ainda não se conseguiu, fora de uma ditadura, regime fora de moda hoje, capaz de abolir esta inconveniência da participação popular.
Então, ficamos pela máxima de Garrinha diante dos planos de Vicente Feola quando a Seleção ia enfrentar a poderosa União Soviética, na Copa de 1958, sobre “combinar com os russos” a jogada infalível que nos levaria ao gol.
Até porque, em matéria de “russo”, o único que se tem acaba de ser posto no lugar que lhe cabe: o de ser apontado como um juiz parcial.