A única coisa que pode manter Marcelo Queiroga no Ministério da Saúde é a falta de vergonha, porque a de caráter já vinha e demonstrando repetidas vezes e alcançou o seu auge com o papelão de chamar para si a demissão da médica Luana Araújo, vetada pelo Pallácio do Planalto.
Agora, porém, ele não tem outra alternativa senão a de pedir imediata demissão do cargo.
Ficou evidente que Jair Bolsonaro avançou sobre a sua alegada “autonomia técnica”, ao anunciar para breve que ele emitiria “parecer” para a liberação do uso da máscara para quem já tivesse tomado a vacina ou já se tivesse contaminado da Covid, algo que, além de equivocado tecnicamente, é absolutamente impossível de ser controlado.
Mas fez pior: humilhou publicamente seu auxiliar, fazendo uma careta e dizendo que “acabei de conversar com um tal de Queiroga, não sei se vocês sabem que é, nosso Ministro da Saúde” para anunciar que haveria desobrigadão – e, mostrando uma máscara, “para tirar esta (m)…este símbolo”.
E por que Bolsonaro fez isso?
A resposta está clara: Marcelo Queiroga cometeu ontem um pecado capital, o de dizer que a cloroquina, o “remédio” presidencial, não tinha efeito sobre a Covid.
Este é um governo confessional: é preciso prestar reverência e concordância às imbecilidades de Jair Bolsonaro ou sua cabeça será cortada.
E, afinal, com uma certa justiça: afinal, se não quer ser um monstro, o que vai fazer como subordinado de um dos piores deles?
Quem tem caráter, já dise mais de uma vez, não aceita proximidade e menos ainda cargos nesta quadrilha maldita que ele comanda.