Ciro pode ser 1° ministro se o governo é ditatorial?

Problemas no avião que o traria das férias no México adiaram para quarta-feira a oficialização de Ciro Nogueira como ministro-chefe da Casa Civil, ou melhor, de presuntivo primeiro-ministro do País, porque a sua missão – sob a ótica de Bolsonaro – seria a de pacificar o Legislativo para assegurar a estabilidade do governo.

Mas esta é a ótica de Bolsonaro, porque Ciro não tem a menor intenção de dar funcionalidade e eficiência a um governo que, além de já ter apenas, na prática, tem um ano de duração, como também é interditado por compromissos com militares e com núcleos de extrema direita.

Embora também cacique do PP e do Centrão, quer-se de Nogueira que faça contrapeso – ou ao menos limites – ao imenso poder que se entregou a Arthur Lira, dono da Câmara e do cofre, representado pelo dito “Orçamento Secreto”, que se estima, modestamente, em R$ 11 bilhões.

Caberia ao senador outro “C”, os cargos com que ele exerceria a cooptação de parlamentares.

A equação é mais fácil nas mentes do que na prática.

O sentimento de oposição a Bolsonaro, reforçado pelo desastre de seu governo, da pandemia, da crise econômica e da situação desvantajosa com que ele se aproxima das eleições torna praticamente impossível que ele faça esta operação – ameaça que já faz estrilar a ministra Flávia Arruda, delegada de Lira para estes assuntos no Planalto – como que consiga fazer, no Senado e em áreas da Câmara rebeldes, as propostas do, se é que as há.

Ou, havendo, terem cunho autoritário muito mal disfarçado, como neste caso do “voto impresso” a que Bolsonaro coloca como condição para as eleições de 22.

Ciro mira, todos dizem, mira uma eleição ao Governo do Piauí, mas isso deixa de considerar que a empreitada é difícil e, nela, oito ou nove meses de ministério podem mais atrapalhar que ajudar, até porque o “colam” eleitoralmente a Jair Bolsonaro, dificilmente o melhor cabo eleitoral nos estados do Nordeste.

Como o senador tem mandato até 2026, pode ser que seus olhos estejam postos no seu fortalecimento político para o pós-eleições e, portanto, não é lá muito plausível que ele se aventure na missão impossível de requalificar o governo Bolsonaro.

Até porque, na Casa Civil, cabe-lhe o “parte e reparte” e, nele, já dizia a minha avó, quem não fica com a melhor parte ou é bobo ou não tem arte.

Bobo, Ciro Nogueira nunca foi. E arte, esta ele tem de sobra.

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