Ser neta de nazista não é crime; ser nazista, é

A deputada alemã Beatrix von Storch passear pelo Brasil, sendo recebida pela fina flor (perdão pela expressão imprópria) do bolsonarismo, inclusive Herr Jair, não é abominável por ela ser neta de Lutz Graf Schwerin von Krosigk, ministro das Finanças de Adolf Hitler e Reichkanzler da Alemanha nazista nos 22 dias entre o suicídio do Fūher e a rendição aos aliados.

Culpas não se transferem hereditariamente, ou ainda estaríamos validando os “malditos até à 5ª geração” dos tempos imperiais.

É abominável por ela ser a líder de um partido filonazista, o “Alternativa para a Alemanha- AfD” que, ainda que não assuma o velho símbolo da suástica, pratica o racismo, o antissemitismo e as ideias de superioridade étnica do nazismo, ao ponto de ter de afastar um de seus membros importantes, Christian Lüth, ex-porta-voz do AfD no Parlamento, depois que este defendeu o “abate” e o “gaseamento” (morte por ação de gases tóxicos ou asfixiantes) dos imigrantes que entram no país.

Mas, talvez, tenha um efeito positivo, pelo fato de que possa fazer parte da comunidade judaica brasileira ver no que se meteu desde que se envolveu com Jair Bolsonaro, cujo símbolo é aquela malfadada noite no clube Hebraica, onde o então candidato debochou dos quilombolas, como gente de “sete arrobas”, que não servia nem para reprodução.

Não foram todos, é verdade, e houve grande reação a isso, o que levou mesmo ao cancelamento do “replay” do ato na Hebraica paulistana.

Mesmo assim, todos nós vimos as manifestações bolsonaristas ostentarem bandeiras de Israel, todos vimos a bajulação de Jair Bolsonaro a Benyamin Netanyahu e o uso das confissões evangélicas como ferramenta de uma suposta solidariedade ao povo judeu e o associando a Bolsonaro.

Se isso fosse verdade, estariam ele, os filhos e seu”alto comando” em romaria à líder de um partido que carrega o DNA daqueles monstros?

Mas é preciso que, agora, os judeus brasileiros, e não apenas os de tradição progressista, se manifestem pelos “eles, não, nunca mais”.

 

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