A chave do tucanistão

A reportagem da Folha, hoje, informando que o ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, virtual candidato bolsonarista ao governo paulista, ofereceu “abrir caminho” para a eleição de Geraldo Alckmin ao cargo, em troca de que o ex-governador aceitasse um candidato governista ao Senado (possivelmente o quase ex-presidente da Fiesp, Paulo Skaf).

Ficou mais fácil entender as gentilezas trocadas entre Alckmin e o ex-presidente Lula, não é?

Tem-se afirmado aqui que a chave que, neste momento, está em disputa para a eleição presidencial é o voto paulista, com seu talhe conservador, que está na mira dos dois favoritos a irem para o segundo turno ou, até mesmo para uma solução na primeira volta eleitoral.

Tal talhe, porém, é muito pequeno para ser dividido entre três candidatos conservadores – Bolsonaro, Moro e Dória – e, sobretudo, pelo inevitável nesta disputa: o pró e o antibolsonarismo, que também divide este setor.

É aí que entra a tendência de que Geraldo Alckmin vá mesmo ao PSD, preparando um segundo turno estadual com apoio de Lula para enfrentar Doria ou, com menor chance, ao menos hoje, o candidato de Bolsonaro.

Mas é, a cada dia, “menos impossível” a entrada de Geraldo Alckmin numa composição de chapa presidencial.

Em primeiro lugar, porque passou sem grandes abalos a notícia da inédita possibilidade de aliança. A esta altura, Alckmin tem todas as informações necessárias para saber o que causaria a seus apoios. Nada, ao meu ver, por contar com uma base muito sólida no interior e longa convivência com as elites paulistanas.

Depois, governar pela quarta vez o estado, convenhamos, não pode se tratar de uma grande ambição. Seria, claro, o passaporte para uma presença nacional e, com ela, a influência necessária para agregar os cacos do tucanato. Mas uma vice-presidência não seria pior para isso, ao contrário.

Está evidente que Rodrigo Pacheco ocupa, no PSD, o papel de candidato tampão, para evitar avanços do bolsonarismo e de Moro sobre seus quadros e ainda um “entrave” aatificial para valorizar-se numa eventual aliança com o PT de Lula.

Neste caso, precisaria concretizar-se um acordo entre Fernando Haddad e Márcio França, para saber quem seria candidato a governador e a senador.

Ainda está longe esta definição, até porque segue a novela das prévias do PSDB, que ainda testa empresas para assumirem o seu interminável processo de votação por celular.

Mas está bem claro que, sozinhos, nem esquerda (inclui-se aí a candidatura Boulos, mesmo fora de acordo), nem Alckmin têm condições de estar certo de vitória em São Paulo e, por isso, de influir na tendência de voto presidencial entre os mais de 30 milhões de eleitores paulistas.

O raciocínio que se impõe é: quanto vale aumentar a segurança de uma vitória, mesmo com alianças, do campo progressista?

 

 

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