Sérgio Moro terá de informar quanto recebeu a Álvarez & Marsal, o escritório norte-americano que cuida do processo de recuperação judicial da Odebrecht e da OAS, empresas que foram à garra em consequência da atuação do ex-juiz, quando era o Senhor da Lava Jato.
A decisão do ministro Bruno Dantas, do Tribunal de Contas da União, revelada na edição de hoje da coluna de Mônica Bergamo, na Folha, é um petardo sobre os conceitos de ética de Moro, uma espécie de “volta do cipó de aroeira no lombo de quem mandou dar”.
O segundo, aliás, porque o primeiro foi o estrepitoso rompimento entre o ex-juiz e o presidente que ele ajudou a eleger e, despindo apenas formalmente a toga, foi servir, de olhos postos na possibilidade de saltar à condição de Ministro do STF.
Ainda que seus áulicos vão dizer que os valores altos são merecidos, pela suposta “competência” do contratado, rasgam a fantasia de justiceiro pessoalmente desinteressado e de “vítima” de Jair Bolsonaro.
Em tempos de restos no lixo e de pés de frango, alguns milhões de reais são um escárnio contra o povo pobre.
No popular, será o “Moro se deu bem com a Lava Jato”. E, neste currículo lucrativo estão, com toda a certeza, os 580 dias de Lula numa cela em Curitiba.
Quando foi contratado, a própria Álvarez & Marsal deixou claro que uma das razões de dar-lhe a condição de “sócio-diretor” (e não de mero contratado ou consultor, se devia a “expertise de um ex-funcionário do governo brasileiro”.
Há, ainda, a estranhíssima situação de que é ele, Moro, que para se candidatar, rompe o contrato com a A&M e, ainda assim, é “indenizado”.
Sobram zero de argumentos morais em Moro para exigir que seus ganhos fiquem oculto por “cláusulas de confidencialidade”, para quem mandou grampear telefones e revirar declarações fiscais, gavetas e computadores de quem lhe interessava por culpas.
Afinal, foi a era do “quem não deve não teme” e, assim, porque ele deveria temer agora?