O desânimo do eleitor do Rio de Janeiro, depois de Garotinho, Cabral, Pezão e Wilson Witzel é tão grande que, até este momento, seria o “não voto” o grande vencedor das eleições: brancos, nulos e o “nenhum” somam um terço do eleitorado.
É triste para quem cresceu no estado mais politizado do país, ao ponto de ser chamado de “tambor do Brasil”.
Mas isso não será assim até o final, porque a mobilização da campanha nacional vai acabar arrastando o voto nos candidatos a governador e é por isso que eles estão dando tanta atenção a isto, ao ponto de que o candidato à reeleição, Cláudio Castro, está “sob suspeita” do chefe Jair Bolsonaro por não estar atacando Lula tanto quanto o ex-capitão gostaria.
Marcelo Freixo tem um resultado razoável, diante da sua tradicional dificuldade em crescer no eleitorado mais popular. Os 22% com que lidera a pesquisa dão-lhe uma vantagem confortável sobre os 7% de Rodrigo Neves, ex-prefeito de Niterói, que vai também assumir o lulismo.
Cláudio Castro, que obteve de Bolsonaro certa tranquilidade com o regime de recuperação fiscal do Estado, enforcado financeiramente, tem um bom índice (18%) mas deve isso também a Bolsonaro. Seus sonhos de neutralidade na campanha presidencial parecem inviáveis e ele tem de torcer ainda para que não surja outro candidato na área evangélica (ele é católico gospel) como Garotinho ou Marcello Crivella.
Eduardo Paes, prefeito carioca, é outra esfinge desta eleição: seu candidato, Felipe Santa Cruz, a despeito das qualidades pessoais, é inexpressivo (3%). Paes tanto pode abandoná-lo à própria sorte quanto – menos provável – empurrar sua candidatura para uma posição menos figurativa, mas dificilmente competitiva.
Surpresa, mesmo, só os 5% alcançados pelo candidato do PCB, Eduardo Serra.
A esquerda não está mal posicionada para um segundo turno que parece inevitável, ao menos com a situação atual.
Ah, sim: a pesquisa foi registrada no TSE sob o número RJ- 05998/2022 e realizada entre terça-feira e hoje, com 1.218 eleitores no estado. Publico apenas o gráfico com menos candidatos porque os “retirados”, até agora, negam que estejam na disputa.