Surpreende que alguns jornais deem destaque à declaração de Lula de que “não haverá teto de gastos” se obtiver um eventual novo mandato presidencial.
Primeiro, porque há um ano ele vem dizendo que um novo governo terá de fazer investimentos tanto para recuperar um nível mínimo de serviços públicos essenciais quanto para fazer o país reengrenar a economia.
Segundo, porque em oito anos de mandato, Lula sempre entregou superávit fiscal, isto é, arrecadação maior que a despesa.
E, por último, e mais importante, porque o Brasil, faz tempo, não tem teto de gastos (e nem superávit fiscal).
Bolsonaro tirou dele, no campo das despesas, os precatórios, o Auxílio Brasil e uma série de bondades. No da receita, estamos vendo diariamente impostos sendo cortados: nos combustíveis, nos produtos industriais e, agora, na importação de produtos cuja produção sobra aqui, como cortes de carne bovina e de frango, para, sem nenhuma chance de sucesso, criar uma concorrência que rebaixe preços.
O governo Lula foi frequentemente desmerecido por gente que dizia que o sucesso econômico vinha apenas do “boom” das commodities agrícolas. Estamos em um momento muito mais favorável a elas e só vemos estagnação.
Por uma simples razão: não há um foco no desenvolvimento econômico e social do país e, quando não existe esta meta tanto o que se ganha e o que se gasta se esvaem.