Bolsonaro tem o que dizer na TV?

Os jornais anunciam que Jair Bolsonaro já gravou parte de suas inserções na programação aberta de rádio e televisão e que elas teriam como eixo ataques a Lula e aos governos petistas.

Se for mesmo assim, mais uma “bola fora” de um presidente que, como mostra a Folha de hoje, projeta a imagem de desinteressado para com o sofrimento do povo brasileiro, quando se diz que ele “enforca dias úteis e faz do lazer uma rotina em governo mal avaliado“.

Só se for muito mal assessorado – ou não ouvir o óbvio – porque só marcará o óbvio, para os poucos que não o perceberam: quem o amedronta é Lula.

E de que Bolsonaro vai falar?

Bem, certamente do “Auxílio Brasil”, com que pretendeu reverter sua má situação entre as camadas mais pobres da população. Vai mal aí, como mostrou o Datafolha, ao registrar que, neste segmento, o atual presidente perde de 3 votos por um de Lula.

E isso se deve, em boa parte, à falta de empatia de Bolsonaro com os pobres. Seu “popular” é o chulo, o agressivo, o desqualificado, não o solidário, o emocional, o humano.

Dificilmente Bolsonaro deixará de falar de si próprio e do quanto sofre de “perseguição” e “sabotagem”, para explicar o seu fracasso administrativo. É natural para quem cuida do poder como um bem pessoal, não um projeto político coletivo.

É discurso que só se presta a seus apoiadores, a turma do “não deixam o homem trabalhar” ou que houve e há uma grande conspiração contra o atual mandatário. Com tanto poder, fazer-se de vítima é outra estratégia inconvincente.

Fará mal negócio se tentar terceirizar a responsabilidade da inflação e do preço alto dos combustível com o “fica em casa”, a guerra na Ucrânia ou o imposto dos estados. Isso não deu certo hora alguma e não seria agora que ia dar.

Em resumo: de quase nada adiantarão as aparições de Bolsonaro nas redes de televisão aberta. Ele não tem o que mostrar, não tem o que dizer e não tem o que prometer.

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