Porque Libra “é bem diferente de privatização”

A oposição de direita e a oposição que pensa estar agindo como esquerda afinaram ontem o discurso.

Dizem que o leilão de Libra foi “a maior privatização da História do Brasil”.

Como parece que se tornou o debate algo paupérrimo, onde vale mais rotular e xingar do que pensar e esclarecer, tento ajudar aqui a mostrar o que disse Dilma Rousseff  ao afirmar que o que foi feito “é bem diferente de privatização”.

Como recolhi do velho Leonel Brizola que as palavras devem ser usadas para revelar e não para esconder os pensamentos, vou tentar, pela via do exemplo, sem me aprofundar teoricamente no tema, mostrar como é diferente o que aconteceu em Libra daquilo que nos acostumamos a ver aqui como privatização.

Valho-me, para isso, de um outro caso emblemático, o da privatização – sem aspas – da Vale.

O que se passou ali foi a venda da empresa a grupos privados – deixemos à parte que tenha sido por um subpreço de algo como 3% do que ela valia, e que metade disso tivesse sido feito em “moeda podre”, o que reduz ainda mais o valor. Vendida a Vale, suas jazidas e direitos minerários, nada mais é nosso, mas do proprietário privado. É ele quem vai decidir quando e quanto ferro será retirado, como será vendido, se será ou não destinado ao beneficiamento. Ao Estado cabem apenas os royalties pela mineração, aliás em valores ridículos.

O minério de ferro, agora, é deles.

E Libra, é igual?

Nem parecido, vejam:

– A jazida segue sendo estatal e o consórcio recebe o direito de, por uma parte do petróleo retirado, explorar para a União.

– Ao adquirir a concessão, o consórcio não leva um parafuso ou uma broca pertencente ao povo, muito menos uma atividade funcionando e gerando caixa. Ao contrário: terá de investir muito – e por muito tempo – até que o negócio seja capaz de produzir um real de mercadoria a vender.

– A velocidade, a forma e a oportunidade de retirar e vender o petróleo vão ser definidas pelo consórcio em comum acordo com o Estado Brasileiro, pois a PPSA (a Petrosal) tem poder de veto sobre as decisões exploratórias e comerciais, além de acompanhar e auditar os custos exploratórios, para que seu abatimento no óleo extraído não se superfature.

– É uma empresa pública – de economia mista, mas controlada pelo Estado – que vai operar os poços, liderando as escolhas sobre como e onde comprar equipamentos, contratações de serviços, recrutamento de pessoal. Isto é, nada será comprado ou contratado no exterior a não ser que seja indispensável ou manifestamente desvantajoso fazê-lo no mercado interno.

É por isso que, embora tanto o minério de ferro quanto o petróleo sejam, pela Constituição brasileira, propriedade da União e, portanto, de cada brasileiro e brasileira, na prática, o ferro foi privatizado e o petróleo, não.

É só ver que, do óleo que agora está a quilômetros de profundidade sob o leito marinho, Libra vai dar perto de um trilhão de dólares ao Estado brasileiro para investir em educação, saúde, tecnologia, programas sociais. Porque o Estado, sobre o que é seu, fica com a parte do leão.

E do ferro que retira aos milhões de toneladas do solo destes filhos da mãe gentil,  a Vale só dá ao Brasil os impostos que qualquer empresa tem de pagar e um trocadinho – 2% do valor, descontado transporte – do minério retirado. E os adoradores do privado, ainda ronronam como gatinhos, em louvor aos gênios que fizeram este negócio desastroso para o país.

Quando se quer igualar coisas tão diferentes assim, podem crer, ou se está deixando de pensar ou, como é pior e mais comum, querendo que as pessoas deixem de pensar.

E, deixando de pensar, possam ser enganadas.

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38 respostas

  1. Pois é, as jazidas de petróleo ainda são do povo, mas o minério das jazidas exploradas pela Vale são da Vale – uma empresa particular. Só não enxergar isso quem está de má-fé
    Aliás, a mineração é um caso sério. Os “verdejantes” justamente cobravam um programa de contingência para acidentes/vazamentos de petróleo. Mas alguém cobra das mineradoras que atuam no Brasil a recuperação do ambiente degradado em decorrência da exploração.

    1. Muito bem lembrado. Esse ‘esquecimento’ é proposital, e muito parecido com o modus operandi de nossa imprensa – será que algum telespectador brasileiro sabe que ‘corrupção’ pode ocorrer FORA do governo? Que fornecedores, o pessoal do compras, radialistas e até o síndico do seu prédio podem ser corruptos? Esses, vivendo no ‘esquecimento’ estão no bem-bom, assim como a Vale…

  2. E por isso que as Americanas deram linha de Libra. Acostumadas com as mamatas do Partido da Mae Joana, nao gostaram das novas regras.

  3. fernando tentar explicar ou debater o leilão de libra tornou-se algo inutil,em todos os blogs que li os debates os contras em nenhum momento cita o povo brasileiro o real beneficiario a medio e longo prazo .dessa jazida de petroleo ,voce e outras pessoas de visão tentam mostrar o quanto de crescimento terá o pais.mais estão batendo na parede de frustação e odio dos que não querem o povo brasileiro usufluindo desse progresso.uma pena deveriamos todos estar comemorando e nos preparando.contra aqueles que a todo sempre nos trataram como seu quintal na america latina,e´certo eles reagiram como já assistimos em diversas partes do mundo.devemos estar unidos e preparados.apesar dos traidores de sempre.

  4. Caro, Fernando Brito

    leio sempre seus textos e, quase sempre, concordo e compartilho. Mais uma vez, adorei. Permita-me apenas algumas correções, por favor. São apenas esclarecimentos sobre termos utilizados na área de petróleo, também muito utilizados pela imprensa, porém incorretamente.

    Explorar, exploração: o termo, no contexto da indústria do petróleo, não significa retirar petróleo, mas, sim, o processo de pesquisa por petróleo, de prospecção. Quando uma empresa explora petróleo, ela está procurando por reservatórios, recolhendo dados e caracterizando-o com o objetivo de avaliar a viabilidade econômica dessa.

    Produzir, explotar: este, sim, é o termo correto para a RETIRADA de petróleo do reservatório. Note que a produção envolve a retirada e, talvez, o pré-tratamento, como ocorre em plataformas. O processamento posterior (gasolina, dísel, etc) é o refino.

    Jazida: jazida já é um reservatório bem definido e caracterizado o suficiente para ser declarado viável.

  5. Alguma ideia do porque do senador Roberto Requião estar do lado dos que acham que foi um péssimo negócio???

    1. Miopia.

      Foi levado na onda sensacionalista dos petroleiros do PSTU que influenciam a direção da FUP, e que só pensam na PLR maior que poderiam ganhar se a Petrobrás controlasse tudo sozinha (mesmo que essa PLR só saísse na década de 30).

      Os slogans a e as “palavras de ordem” muitas vezes tem o poder de cegar as pessoas, que deixam de pensar racionalmente.

  6. Jóia, Fernando, então vamos ao que estava em jogo ao invés de alimentar a bobajada geopolítica. Tanto Lula, em Portugal, como Nassif, em seu blog, afirmam que a coisa foi corrida e a leilão por questões fiscais. Você, e tantos outros experts, dizemque a Petrobrás tem ccondições técnicas para operar o pré-sal. O leilão foi tão somente porque a Petrobrás não teria condições financeiras para as operações. Todos os argumentos sobre financiamento são absolutamente falsos. Embora a Petrobrás possa não desfrutar de financiamento sem limites no mercado financeiro privado, ela poderiaser financiada pelo Tesouro. O Luis Nassif critica o leilão porque o Tesouro poderia ter capitalizado a PPSA. E por que não poderia fazer o mesmo com a Petrobrás? Aliás, acaba de colocar mais R $20bi no BNDES para os barões privados investirem.
    Então vamos falar a verdade: o governo quer manter a perna fiscal do tripé neoliberal ou por ideologia, ou por ignorância. Parece bonito e inteligente usar as armas do inimigo para vencê-lo, mas isto cobrará seu preço ao povo brasileiro. Por exemplo, a invencionisse dos royalties para a educação não vão gerar nem 2% do PIB por ano, além de vir só daqui a 10 ou mais anos. Com isso, o ministro do bigode afinado enfrenta uma greve de professores como seu conhecido colega defunto Paulo Soares.
    Enfim, vamos revelar a verdade ao invés de escondê-la em subterfúgios irrelevantes. Ganhar a eleição não será suficiente. É preciso alimentar uma nova forma de ver a sociedade e sua relação com o Estado.

    1. O Tesouro iria tirar o dinheiro para financiar a Petrobrás de onde mesmo?

      Iria “parar de pagar os juros da dívida”, em uma “ruptura radical”?

      Parece lindo no mundo das fadas, mas não existe isso no mundo real dos adultos. Nem Hugo Chavez parou de pagar a dívida pública venezuelana.

      Deveríamos arriscar as graves consequências de uma ruptura radical com o pagamento das obrigações da dívida pública apenas para satisfazer o fetiche dos “puristas imaculados” que não querem que nem mesmo 15% a 25% dos lucros de Libra vão parar nas mãos dos estrangeiros?

      Chega desse papo furado de “alimentar uma nova forma de ver a sociedade e sua relação com o Estado”. O povo brasileiro quer realismo, e continuidade segura e estável das imensas melhorias já registradas nos últimos dez anos, e não discurso barato e aventureirismo do PSOL.

      1. Olá João,
        Deixarei de lado suas ilações infundadas sobre minhas credenciais politico-partidária simplesmente porque elas nada mudam nossa compreensão da realidade. Concentro-me em suas afirmações sobre de onde mesmo vem o dinheiro. É assunto muito técnico, sobre o qual suponho que poucos que nos leem estão acostumados. O Tesouro “tira” o dinheiro de lugar nenhum a não ser de sua soberania. Todos os Estados Soberanos emitem seu próprio dinheiro. Portanto, como fez em 2009, 2012 e fará neste ano (R $8bi) com a Caixa Econômica e 2010 e ontem (R $20bi!) com o BNDES, o governo pode simplesmente transferir dinheiro para suas instituições e receber delas mais ações, por exemplo como o governo já fez com a própria Petrobrás. Nos casos da Caixa e do BNDES a coisa é triangulada com títulos públicos, apenas para sobrepassar leis limitadoras auto impostas.
        Divida que não paga juros é melhor por uma série de razões em relação a dívidas que pagam juros. A diferença entre o real no seu bolso e um título público é exatamente que o real no seu bolsoAnão paga juros. A capitalização das empresas públicas, já amplamente feitas por este governo que está aí, não tem implicado em repúdio ao pagamento de dívidas passadas, que continuam bastante modestas.
        Então, do que eu disse a conclusão é óbvia: ao contrário da sabedoria convencional, Estados Soberanos, que emitem sua própria moeda na qual suas dívidas, que pagam e que não pagam juros são denominadas NUNCA estão financeiramente constrangidos para gastar. As restrições podem ser de estratégia (por exemplo, acreditamos que estamos próximos ao pleno emprego e mais despendios elevariam mais os preços do que a produção), ideológicas ou de ignorância (ambas aparentes na tergiversações sobre as limitações financeiras da Petrobráse do Tesouro para financiá-la).
        Fernando Brito, certa vez você mencionou, tristonho, o retorno desagradável que o Noblat do O Globo recebeu das feras que ele mesmo alimentou. Ignorância e arrogância voltaram com um discurso raivoso contra o colunista global. Cuidado com os seus!

  7. Privatizar é tornar algo privado.
    Conceder é disponibilizar algo para terceiro(s).
    Partilhar é dividir algo com parceiro(s).

    Privatização é o processo onde uma empresa estatal se torna privada, passando a empresa para algum empresário do mercado.

    Concessão é o processo onde a matéria-prima/produto é concedido para uma empresa, seja estatal ou privada.

    Partilha é o processo de dividir a matéria-prima/produtos/bônus e ônus(!) com parceiros. Essa partilha é negociada e no caso do Brasil, ficamos com 85% da partilha.

    Certo?

  8. A nossa gestora explicou isso na TV? Tem ley de medios? Ela irá outra vez e não apenas rebaterá, mas, também, ridicularizará o pig e os entreguistas?

    Pois é… enquanto isso, o povo ouve a voz do PIG.

    Sem ley de medios, nossos governos têm prazo de validade. O tempo que as pessoas que passarem a ganhar bem, tornem-se egoístas e mesquinhas.

  9. O leilão do campo de Libra – o maior campo petrolífero do mundo – demonstrou que a intenção do governo era a de entregar Libra ao cartel multinacional das petroleiras, a ponto de nomear para a diretoria da PPSA o entulho tucano, lobista de petroleira, da época de Zylbersztajn e Reichstul, em troca da entrada da Shell e Total. Segundo, demonstrou que o governo não entregou mais para o cartel das petroleiras porque o povo, a mobilização em todo o país, não deixou que a Petrobrás fosse mais esbulhada. Libra foi realmente inédito: o leilão de uma área onde o petróleo já foi descoberto.

  10. Declaração do diretor-geral da Total, empresa francesa integrante do cartel, Denis Besset, sobre Libra:

    “A escolha dos executivos que vão compor a Pré-Sal Petróleo S.A (PPSA), estatal que vai gerir os contratos de blocos arrematados no regime de partilha de produção, semana passada, foi ‘absolutamente fundamental’ para que a Total decidisse participar do leilão de Libra.

    Perfil dos diretores:

    O presidente será o Osvaldo Pedrosa, primeiro brasileiro a defender o fim do monopólio estatal do petróleo e braço direito do David Zilbersztajn na ANP;

    Diretor, Antonio Claudio Pereira da Silva, foi chefe de gabinete de Henri Philippe Reichstul no governo Fernando Henrique e é sócio do presidente do IBP, que comanda o lobby em favor das empresas estrangeiras.

  11. Caro Fernando Brito, envio abaixo postagem do jornal do MR8, Hora do Povo, lincado na página do PPL. Gostaria de conhecer tua análise sobre o texto do Carlos Lopes.

    “A fraude dos “75% da União” no leilão do campo de Libra

    No cálculo da srª Magda, 41,65% de 45% são… 75%!

    Em seu depoimento no Senado, a srª Magda, diretora-geral da Agência Nacional do Petróleo (ANP), declarou o seguinte sobre o leilão do campo de Libra, no pré-sal:

    “Quando eu digo que Libra terá, no lance mínimo, uma participação governamental de 75%, o que eu estou dizendo é que o bônus de assinatura não é levado em conta no custo em óleo, mas royalties, imposto de renda, contribuição social e parcela de óleo para a União darão os 75%.”

    Como a diretora da ANP misturou abacaxis com velocípedes – ou seja, volume físico da parcela de petróleo que cabe à União com valores financeiros de impostos, contribuições sociais e royalties – somos obrigados a uma pequena operação para tornar inteligível tal barafunda.

    Segundo a Petrobrás, o custo médio de produção no pré-sal é 40% do barril. Os royalties são 15%. O “óleo-lucro” ou “excedente em óleo”, que será partilhado entre a União e as petroleiras (ou consórcio) é calculado – pela Lei nº 12.351/2010 (artigo 2º, inciso III), que rege o pré-sal e demais áreas petrolíferas estratégicas – pela subtração do custo de produção (40%) e royalties (15%) do volume total da produção (100%). Logo, o “óleo-lucro” ou “excedente em óleo” é 45% do volume total (100-40-15=45).

    Magda, portanto, está afirmando que o “lance mínimo” (41,65% do “excedente em óleo” para a União) estabelecido para o leilão de Libra, redundará em 75% do petróleo total para a União. Ou seja, segundo o cálculo da srª Magda, 41,65% de 45% são… 75%!

    Fez-se o milagre! No entanto, 41,65% de 45% continua a ser 18,74%. Esse percentual do volume total da produção é o que caberia à União, se aplicado o percentual de 41,65% do “óleo-lucro”, que dona Magda chama de “lance mínimo sobre o nosso projeto”. Portanto, muito longe de 75%.

    Mesmo que, igual à Magda, somemos os royalties com a partilha de petróleo para aumentar a parte da União, isso chegaria apenas a 33,74% (18,74+15=33,74). Nem perto dos 75%.

    Frisemos que, nessas contas, usamos o percentual, supostamente “mínimo”, de 41,65% do “óleo-lucro” para a União. Pela tabela que está no edital do leilão (página 41), esse percentual pode cair a menos de 15%. Entretanto, o percentual de 41,65% basta para explicitar a fraude.

    A essa altura, o leitor já conhece a charlatanice (e o inevitável desprezo pela lei e pela inteligência dos outros) capaz de obter 75% quando se calcula 41,65% de 45%. É assim – só assim, pois não há maneira honesta de fazê-lo – que pretendem entregar o petróleo de Libra, o maior campo de petróleo do mundo, coroamento de quase seis décadas de experiência e conhecimento da Petrobrás.

    Vamos, agora, por partes:

    1) A Lei nº 12.351/2010 (que instituiu o regime de partilha de produção no pré-sal e áreas estratégicas) determina – como é claro pelo termo “partilha de produção” – uma divisão do petróleo extraído entre a União e as empresas contratadas para extrair esse petróleo (tendo sempre a Petrobrás por operadora). Trata-se de um pagamento em óleo, que a União, proprietária do petróleo, faz às empresas (ou ao “consórcio”). Embaralhar percentuais do volume de petróleo com o valor financeiro dos impostos ou dos royalties não pode ser chamado de outro nome, senão má-fé. Na hipótese caridosa: como a srª Magda tem um diploma de engenharia, supomos que ela saiba fazer contas elementares.

    2) Não é somente o “bônus de assinatura” – o dinheiro pago à União imediatamente pelo vencedor do leilão – que “não é levado em conta no custo em óleo” (ou seja, que não pode ser ressarcido, ao contrário do custo de produção, que é ressarcido em óleo). Os royalties também não fazem parte do custo – e não podem ser ressarcidos (se houvesse ressarcimento, a empresa ou consórcio não estaria pagando royalty algum). A lei é absolutamente clara: “Os royalties (…) correspondem à compensação financeira pela exploração do petróleo, de gás natural e de outros hidrocarbonetos líquidos (…), sendo vedado, em qualquer hipótese, seu ressarcimento ao contratado e sua inclusão no cálculo do custo em óleo” (Artigo 42, I, § 1º da Lei 12.351/2010, grifo nosso).

    3) No entanto, o contrato de partilha elaborado pela ANP diz que “ao Contratado, em caso de Descoberta Comercial, caberá a apropriação originária do volume correspondente (…) aos Royalties devidos e pagos” (item 2.8.1) e que “o Contratado fará jus ao volume da Produção correspondente aos Royalties devidos após seu pagamento”, ao que é acrescentado: “sendo vedado, em qualquer hipótese, o ressarcimento em pecúnia” (item 6.3).

    4) Diz o ministro Lobão que isso não é ressarcimento dos royalties (que, ele reconhece, é proibido pela lei), mas, sim, “apropriação”. É uma tremenda diferença: a mesma que resulta quando se chama prostíbulo de “alcouce” ou prostituta de “rapariga” – dizem que, dependendo de como são chamadas, algumas até se tornam próceres da República.

    5) Quanto a ser “vedado, em qualquer hipótese, o ressarcimento em pecúnia”, o contrato está, ilegalmente, devolvendo em petróleo os royalties que as petroleiras pagaram em dinheiro, mas proibindo… que a devolução seja feita em dinheiro. Ou seja, está aumentando a parcela de óleo das petroleiras à custa delas não pagarem royalties à União. Mas… alto lá! Em “pecúnia”, não! Entretanto, por uma coisa à toa, por alguns milhões de barris de petróleo, aí, tudo bem. Não é uma gracinha, leitor?

    6) Quanto aos impostos, se eles fizessem parte do percentual da União na partilha da produção do petróleo, a Volkswagen, quando recolhe impostos, estaria fazendo uma partilha de carros com a União, ou a Colgate, ao pagar tributos, estaria partilhando tubos de pasta de dente com a União.

    7) Porém, uma empresa que paga impostos, está apenas pagando impostos. No caso do petróleo, os impostos são apenas 6% a 10% do total. Mesmo forçando a barra e somando-os, não se chegaria a 75%.

    8) Aliás, está no contrato de partilha de produção que a agência de dona Magda elaborou: “Os preços de venda serão livres dos tributos incidentes sobre a venda e, no caso de petróleo embarcado, livres a bordo”. Tanto a venda interna quanto a exportação de petróleo são isentas de impostos (cf. ANP, “Contrato de partilha de produção”, anexo VII, página 79).

    9) Além disso, pelo contrato da ANP, são incluídos nos custos, portanto, ressarcidas, as despesas com pessoal, inclusive “FGTS, seguro médico, seguro de vida, contribuição previdenciária pública e/ou privada e demais tributos sobre a folha de pagamento” (cf. idem, página 81).

    10) E diz, em seguida, o contrato: “serão recuperados também os custos incorridos (…) que não sejam facilmente identificáveis [e] não sejam associados diretamente às Operações” (p. 81). Por essa descrição, até as despesas dos executivos das multinacionais com suas (ou seus) amantes poderiam ser “recuperadas”, isto é, ressarcidas em óleo…

    11) A mesma coisa quanto ao imposto de renda e às contribuições sociais (COFINS, CSLL, PIS), que são tributos sobre o lucro ou faturamento das empresas, e não parte do percentual da União na produção de petróleo do pré-sal. Pagar impostos nada tem a ver com a partilha do volume físico de petróleo extraído de um campo. E nem que somássemos, a la Magda, todos os impostos, a parte da União chegaria a 75% (ficaria, no máximo, em 43%, ou seja, menos da metade do petróleo extraído).

    Mas assim são os 75% da dona Magda.”

    1. Caralho, esse pessoal do MR8 (agora PPL) é burro mesmo, ou então é má-fé…

      Esse energúmenos esquecem que CUSTO não é LUCRO de ninguém.

      Portanto, se 40% são CUSTOS, então os lucros são apenas 60% do valor bruto arrecadado com a venda do petróleo.

      Portanto, é LÓGICO que esses 60% passam a ser os 100% É tão difícil para esses DEMENTES entenderem isso?

      Vou repetir: 100% dos LUCROS equivalem a 60% da arrecadação bruta.

      E lembrando que os 15% de royalties são calculados em cima da arrecadação bruta.

      Ou seja, quando for calcular QUAL PORCENTAGEM dos LUCROS fica com o governo, a base não é 100, a base é 60. Os total dos lucros não é 100, o total dos lucros é 60. Porque CUSTO não é LUCRO de NINGUÉM.

      E até onde eu saiba, 33,74 é mais da metade de 60, portanto é mais de 50% dos LUCROS obtidos com a extração e venda do petróleo de Libra. E isso sem somar ainda os impostos e os dividendos da Petrobrás, que vão elevar bem mais essa porcentagem, chegando aos 75%

      Caralho, que bando de jumentos, esses picaretas do MR8…. Ou então é a típica má-fé deles mesmo.

  12. Mas isto nem se discute! privatização era o modelo de concessão.
    Este modelo é o único que permite que o óleo seja processado aqui no brasil (pelo menos os 41%) e vendido como subproduto com lucro 1000% superior. É isto que vocês no tijolaço deviam, TODOS OS DIAS, explicar para o povo.
    O modelo de concessão exporta ÓLEO CRU, que é refinado no mundo desenvolvido e revendido para nós (e outros produtores não industrializados como no oriente médio) a preço de ouro!

  13. O Brasil AINDA IMPORTA GASOLINA E ÓLEO DIESEL em GRANDES PROPORÇÕES!
    Estes 12 bilhões deveriam ser gastos EXCLUSIVAMENTE em refinarias!

  14. Meu guru da economia Paulo Passarinho, diz a cada barril de u$135, o Governo fica com u$1. To me sentindo corneado! Alguem me ajuda ai.

  15. Não quero acrescentar nada ao que você, Fernando, disse, até porque não tenho competência para tanto. Apenas gostaria de acrescentar algo que vai pelo geral, mas não tanto, a respeito do que significa atualmente empresa privada, capitalista, e empresa estatal, também capitalista, mas com algumas diferenças fundamentais, essas que você aponta entre a Vale e o que está sendo feito sob o controle da Petrobrás, sob o comando de um governo que está preocupado em desenvolver a economia em benefício do povo.

  16. Finalmente descobri uma forma de (talvez) conseguir mostrar de uma vez por todas para os “céticos” que o governo realmente vai ficar com a imensa maioria dos lucros do campo de Libra.

    É simples: é só calcular quanto a Shell, a Total e a duas chinesas vão ter de lucro com o campo de Libra.

    Mostrando quanto elas ganham, dá pra ter a real dimensão da coisa: o governo é quem mais sai lucrando (e muito!)

    Vejamos… Libra tem o potencial de produzir, no total, algo em torno de 10 bilhões de barris de petróleo (média das estimativas). Se cada barril de petróleo é vendido por uma média de 100 dólares, teremos um faturamento bruto total do óleo de Libra que chega a 1 trilhão de dólares.

    Muito bem… Agora, se fizermos o cálculo de quanto será o LUCRO da Shell, da Total, e das duas chinesas, com o campo de Libra, DESCONTADOS OS CUSTOS DOS INVESTIMENTOS que cada uma delas vai fazer, veremos que o lucro total de Shell, Total e chinesas, somados, será algo em torno de 100 bilhões de dólares.

    Ou seja, de 1 trilhão de dólares de faturamento bruto, no máximo uns 10%, cerca de 100 bilhões, ficará de LUCRO para a Shell, Total e as duas chinesas (todas elas somadas).

    Os outros 90% NÃO ficam de lucro para Shell, Total, e as duas chinesas.

    Desses outros 90%, que são 900 bilhões de dólares, cerca de 400 bilhões serão os investimentos necessários, ou seja, os CUSTOS da produção, que não ficam de lucro para ninguém.

    Os 500 bilhões que sobram, vão parar nas mãos do Estado brasileiro, incluindo aí a Petrobrás, empresa que o Estado controla.

    Ou seja, 100 bilhões de LUCRO para as empresas estrangeiras, e CINCO VEZES MAIS, ou seja, 500 bilhões de dólares, de lucro para o Estado brasileiro.

    Ou seja, cinco sextos (5/6) dos lucros são do Estado brasileiro, o que dá 83,3% dos lucros.

  17. Sempre tem idiotas que defendem essa quadrilha do PT, capitaneada por um monte de Chefões. A grana é pouca e as bocas são muitas. Fora esses ladrões

    1. Interessante! Brincando com a planilha, descubro que, quanto menor o preço do barril e quanto maior o custo de produção, maior a percentagem que a União leva.
      A um custo de produção de 44 dólares o barril, os ganhos da União se mantém em em torno de 75%.

  18. Fernando Brito, você já leu essa entrevista do Senador Aécio ? 26/09/2012
    Aécio Neves fala sobre royalties do minério à rádio Itatiaia

    Entrevista do senador Aécio Neves para a Rádio Itatiaia – Brasília – 26-09-12

    Assuntos: royalties do minério, presidente Dilma Rousseff, votação em 18 de outubro do projeto que muda os royalties

    Senador como estão as negociações sobre os royalties do minério?

    Estamos ultimando os entendimentos com as lideranças partidárias para colocarmos na semana de 18 de outubro, que será o primeiro esforço concentrado do Senado após a votação em primeiro turno, após as eleições municipais em primeiro turno, e vamos colocar em votação o projeto que requalifica a CFEM, que são os royalties do minério, que hoje são cobrados em até no máximo 3% do resultado líquido das empresas, vamos transformar isso em 4% do resultado bruto. Ainda aquém daquilo, por exemplo, que se paga nos royalties da exploração do petróleo. A grande realidade é que as regiões mineradoras de Minas Gerais estão, muitas delas, exauridas, com a sua área ambiental degradada e sem capacidade de constituir uma nova vocação econômica para ocupar a mão de obra que deixa de ser utilizada na mineração.

    – See more at: http://www.psdb-mg.org.br/agencia-de-noticias/aecio-neves-fala-sobre-royalties-do-minerio-a-radio-itatiaia#sthash.9asdLnfA.dpuf

  19. Quando um país como o Brasil, assume uma posição de maior destaque na geopolítica do planeta, é muito previsível pelo que já se viu na história recente das ditaduras latino-americanas, que forças e interesses internos e externos se unam contra os interesses nacionais. Espero que nossa sociedade e suas instituições estejam mais maduras para fazer frente a essa nova conjuntura.
    Quanto a corrupção que alguns mencionam, ela existe sim, como em todas as nações e regimes. Combate-la é tarefa de todos, sem hipocrisia.

  20. Sim, a venda da Vale foi um crime, isso todos concordam. O que nao justifica o leilao de libra.
    Nao existe motivo para dar 25% dos lucros ao setor privado.
    De acordo com Ildo Sauer o trabalho da Shell e Total será o de ir ao banco, pegar o dinheiro, dar para a petrobras e esperar os lucros virem, além de garantirem o abastecimento dos seus países, sem que o Brasil faça uso político desse abastecimento ou refine o petróleo para alavancar os ganhos.

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