Os jornais noticiam uma suposta “autocrítica” de Bolsonaro àquela declaração de que “não era coveiro”, da “fraquejada” por sua última filha ser mulher, sobre o “vira jacaré” das vacinas e, especialmente, à promessa presidencial de que, perdendo a eleição, “passa a faixa e vai se recolher em casa”.
Ainda que fosse verdadeiro o arrependimento presidencial, ninguém acreditaria, e faria muito bem em reagir assim.
Bolsonaro está apenas dando um daqueles passos para trás com que prepara seus avanços. Neste momento, não sabe em que direção, tamanha é a desorientação diante da falta de perspectivas de vitória.
Mas é inevitável que o faça porque, como disse Josias de Souza, no UOL, “a autocrítica de Bolsonaro tem a sinceridade do desesperado”.
Tanto é que hoje, em Sorocaba, depois de uma motociata, voltou a dizer que Lula “quer implantar o comunismo no Brasil”, que “nunca respeitou a família” e sugeriu que deve ser exilado: ““Quem tem que sair do Brasil são aqueles que não querem a liberdade do seu povo.”
Não há outro caminho para Bolsonaro senão aumentar a agressividade de sua campanha e de seus adeptos.
Bolsonaro, como qualquer animal feroz, pode até encolher-se por um instante, mas sempre e apenas para desferir novos ataques.
Ainda que, a esta altura, possam parecer inúteis, virão, porque é parte inseparável, o próprio núcleo mesmo da personalidade de Bolsonaro.