O outro vandalismo, o que não é só dos “malucos”

Quem assistiu hoje os discursos de Lula e do presidente do TSE, Alexandre de Moraes, na cerimônia de diplomação do presidente eleito ficará com a impressão de que existe uma “união institucional” para que o resultado do pleito de outubro seja respeitado e que o governo que se inicia, em nome da democracia, vá ter, ao menos na sua implantação, apoio generalizado.

Isso, porém, é uma ilusão. É evidente que não o governo que se iniciará no novo ano como o desejo nacional de que vivamos novos tempos, porque isso é impossível enquanto se usa o extremismo de direita como “boneco de Judas” a recolher pecados graves, mas não só seus.

Pois enquanto algumas dezenas de alucinados vai partindo para o vandalismo, como agora à noite, ao depredarem a sede da Polícia Federal e atearem fogo em ônibus e carros, há outros a bloquearem as estradas da governabilidade, sem tanto barulho e espalhafato.

Se aos vândalos é necessário responder, como tem feito o presidente do TSE (enquanto seguem recebendo afagos do presidente que finda e de chefes militares), é preciso identificar os que invocam, como eles, pretensões inconstitucionais – e não é outra coisa tentar chantagear o futuro governo para influir numa decisão sobre o Orçamento Secreto que só ao Supremo Tribunal Federal diz respeito.

Pois se àqueles move impedir a posse do governo, quem age para sabotar a correção de um Orçamento catastrófico não se opõe à posse, mas se opõem a que os eleitos pelo povo governem.

O presidente da Câmara, Arthur Lira, deve escolher se vão prevalecer os acordos políticos possíveis e legítimos ou se vai permitir que saiamos do jogo político e entremos no campo da chantagem explícita, um caminho que Eduardo Cunha mostrou aonde leva.

Lula demonstrou toda a sua disposição de diálogo, mas ninguém pode esquecer que foi ele o eleito para governar, não o “mercado”, não a direita que quer provocar na Câmara o mesmo tumulto que os bolsonaristas de calçada estão fazendo nas ruas de Brasília.

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