Começa a temporada dos “bodes” e dos PMs ” mau e bonzinho”

A reação – de novo, mais que esperada – do vice-presidente Hamílton Mourão desqualificando a proposta “vazada” pelo Ministério da Fazenda de idade mínima universal de 65 anos para a aposentadoria é o início de uma temporada de idas e vindas com que teremos de conviver nos próximos meses.

Na sua esteira, outros ministros vieram apressar-se a dizer que é “apenas uma versão” entre muitas, o que, pela extensão e complexidade dos papéis que vieram à tona.

Evidente que não é, “embora muito provavelmente tenha sido um balão de ensaio lançado para servir de “bode na sala” para o encontro de Paulo Guedes com Rodrigo Maia, marcado para hoje às 15 horas. Basta olhar o imenso e detalhado texto que fizeram circular ontem, “informalmente” para ver que não é um papelucho ao acaso.

Tal como Sérgio Moro, Guedes serve-se da inapetência de Jair Bolsonaro por políticas públicas e cuida ele próprio do assunto, deixando ao presidente, como na conhecida historia de achaque de uma dupla de policiais o papel de “PM bonzinho”, aquele que dá uma “aliviada” na ferocidade do parceiro voraz.

Moro, sob a bandeira do combate ao crime, atropela descaradamente a Constituição, pretendendo anular na lei a presunção de inocência constitucional, no que é ajudado pelos tempos e ventos do presente. Cria a “legítima defesa” presumida por “medo desculpável, surpresa” ou violenta emoção”, sem que se saiba como é que “violenta emoção” possa ser interpretado, talvez até na reação a alguns xingamentos.

Como diria o General Mourão, não é uma política de segurança pública, é o cumprimento de uma promessa eleitoral.

Já Guedes pode estar cometendo um erro semelhante ao que Michel Temer cometeu na sua frustrada tentativa de reformar a previdência. É possível que, quando se der o inevitável rebaixamento da idade mínima (os 65 anos “universais” jamais passariam), a elevação da pensão de miséria (metade do salário mínimo) e a anulação da extensão do tempo de contribuição, os “bodes” postos na sala para negociar, o futum impregnado na reforma já seja difícil de sair, como aconteceu naquela ocasião.

A reação do vice, rápida e fulminante, desautorizando a ideia, embora providencial, traz o risco de que ele venha a tomar gosto pelo papel de “PM bonzinho”, deixando que o mal tenha de ser defendido pelo chefe da guarnição presidencial.

 

 

 

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9 respostas

  1. É a guerra híbrida, Brito. Os golpistas continuam atuando como na campanha eleitoral, marcada fraudes e crimes diversos.

  2. posso estar completamente enganada, já que não sou especialista no assunto. Mas me parece que a “reforma da previdência” é uma discussão inútil. A previdência pública vai morrer de inanição, decorrente da reforma trabalhista e, claro, dos altos índices de desemprego. Quem, estando em trabalho intermitente ou precarizado de qq forma vai se lembrar de contribuir pra previdência? Qual desempregado vai pensar no assunto? A previdência privada vai ser para poucos, que só vão sentir as perdas quando forem usufruir os “benefícios”.

    1. Esse é o principal motivo do déficit previdenciário: estão faltando contribuintes, pois há muitos desempregados.

      1. até onde sei, não existe (ou não existia) déficit na previdência), mas vai ter já, já

  3. Essa reforma tem de ser bem dura e é imprescindível que não tenha período de transição. É fundamental que os bolsominions atuais sejam atingidos por ela e não apenas as gerações futuras. Na realidade minha esperança é de que tudo isso seja anulado quando voltarmos à democracia. Mas neste momento eu sou pelo quanto pior melhor.

  4. Os governos sempre desviaram recursos da previdencia para outros fins. Nem ao menos os numeros estão claros e disponíveis para os interessados. Um dia vieram e levaram embora a nossa claudicante democracia. ninhguém deu a mínima. Depois vieram e levaram embora a lei trabalhista. Outra vez ninguém fez nada a respeito. Agora estão voltando para levar a constituição. Só mesmo o Sobrenatural de Almeida com alguma coisa inesperada para nos tirar dessa

  5. Ouvindo de passagem: “Com essa nova “reforma da previdência” , vou trabalhar na informalidade para não recolher para a previdência, embora, forçosamente há um tempo venho fazendo isso. Quando chegar a hora, minhas juntas não estiverem mais correspondendo ao esforço de um trabalhador novo e saudável, simplesmente encerrarei meu ciclo de trabalho, me mudarei para debaixo da ponte e praticarei pequenos furtos nos supermercados!”

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