Semana que vem, você vai ouvir, a toda hora, a expressão “segunda onda” para definir o crescimento – ainda maior – do número de infecções e, por isso, de mortes pelo novo coronavírus.
Aliás, a Folha já a utiliza hoje, para descrever o aumento de ambos em cidades de médio porte pelo país.
Não será uma ‘segunda onda’, o que poderia dar nome um recrudescimento da doença após um período de aparente melhoria.
De forma alguma é o que está acontecendo aqui, como mostram os dados (os oficiais, que “reapareceram”) agrupados por semana, para evitar o efeito dos registros reduzidos de final de semana.
Nem mesmo em São Paulo, centro mais importante do país, onde as ruas e os meios de transportes já se apresentam com inconcebíveis aglomerações, como mostra um ótimo trabalho de Luís Nassif no Jornal GGN, abordando os dados paulistas, onde não há absolutamente nada a comemorar.
Os governadores, sobretudo os do Rio e de São Paulo – pressionados política e, sobretudo, economicamente – estão, na expressão dura mas precisa de um amigo jornalista, “abandonaram qualquer veleidade oposicionista e estão comendo na mão do presidente da República.”
Witzel cedeu à ameaça de ser preso pela PF de Bolsonaro. Doria acabou com o isolamento social e está jogando a população nos braços do vírus num momento de recordes diários de infectados e mortos.
Como não temos mais Ministério da Saúde, sem governos estaduais, à população está entregue à própria sorte. Ou ao azar de inspirar o vírus num ônibus lotado, parado em um engarrafamento.
Ou será que existirá uma mágica de termos trens e ônibus vazios com todo mundo na rua?
O Covid 19 é eventual, mas a indiferença dos governantes com a população, no Brasil, é crônica.
Os efeitos disso, por sua vez, serão galopantes.