O secretário de Previdência do Ministério da Economia, Rogério Marinho, está negociando, não se sabe com quem e não se sabe aonde, os pontos que serão retirados da reforma da Previdência e, assim que os tiver, ordenará ao relator do projeto na Comissão de Constituição e Justiça que os rejeite no relatório que já apresentou a todos os seus colegas de CCJ.
Sabe-se, extra-oficialmente, de quatro: a eliminação do FGTS para aposentados que sigam trabalhando; a possibilidade que dar foros regionais a ações contra o INSS, a iniciativa exclusiva do Executivo para propor alterações previdenciárias e o desfazimento da PEC da Bengala, que daria a Bolsonaro o direito de indicar mais dois ministros ao STF.
Seguiriam pendentes a abolição do pagamento de abono salarial a quem ganha entre um e dois salarios mínimos e da desconstitucionalização de temas da Previdência que não podem ser mudados sem dois terços do Parlamento.
Duas coisas parecem suficientemente claras, a esta altura.
A primeira é a de que é um blefe dizer que a votação será amanhã, com ou sem acordo com o Centrão. A confusão da última reunião da CCJ, com a bancada governista mantida às cegas, forçando a votação imediata enquanto o relator desaparecia para não ter de discutir o que já sabia que seria retirado mostra que o governo não tinha certeza de fazer maioria e, agora, tem menos certeza ainda de que seus deputados vão se dispor a defender uma proposta que nem sabem qual será.
A segunda, é que a história deu munição à oposição para criar muito caso na reunião, a começar por exigir as contas feitas para embasar o projeto, que são mantidas secretas pelo Governo e seguindo pela falta de transparência e de participação em mudanças que os deputados foram impedidos de propor, pela proibição do Presidente Felipe Francischini de permitir emendas supressivas ao projeto, o que foi feito apenas nos conchavos de corredor da Câmara.
De direita, de esquerda ou de centro ou Centrão parlamentar algum gosta de ter seu voto conduzido desta maneira, no que a gíria chama de “vem comigo, que depois eu te conto para onde estamos indo”.
Há gente em Brasília que aposta que o fato de Rodrigo Maia, ainda que garantindo que a PEC será votada amanhã, na CCJ, marcou o início da Comissão Especial da proposta para o dia 7 para dar “folga” para um novo atraso”.
9 respostas
E os bolsominions batem palmas para uma reforma que nem os deputados sabem como vai ser. A idiopatia corre solta entre esses psicopatas.
Nao ponha culpa só nos bolsominion. O cidadão que se omite é tão criminoso quantos os bolsominions. Nao existe santo nesse imbróglio.
O duro é que esse governo, quando diz “vem comigo, que depois eu te conto para onde estamos indo” não diz isso por sacanagem. Eles até que gostariam de dizer para onde estão indo, mas nem eles mesmo sabem onde vão parar…
agradeço a quem possa me explicar o que o desfazimento da PEC da bengala tem a ver com a reforma da previdência, já que as togas não vão nem passar perto disso
Bem, o desgoverno faz questão de manter tudo obscuro, mas uma hipótese que me ocorre é que a PEC da bengala, por isonomia, abriu o precedente para vários servidores públicos (além dos magistrados isso é muito comum entre professores universitários) adiarem suas aposentadorias. Portanto, a revogação faria também esses servidores se aposentarem “mais cedo” (aos 70 anos, como era antes), o que impactaria nas contas da Previdência.
obrigada pelo retorno. Mas acho que a pec da bengala dependeria de uma lei complementar pra abarcar outros servidores federais. não sei se foi feito.
É, isso eu também não sei… ????
Se a proposta de reforma for aprovada na CCJ sem a transparência dos cálculos que embasaram essa maldade contra os menos favorecidos. O regime de capitalização é a arma dos bancos para roubar os pobres. Já perdi dinheiro no tal fundo 157 do imposto de renda, caderneta de poupança Delfim sem contar na roubalheira dos cheques especiais e assemelhados. Já se foram 13 anos que me vi livre dassa ladroagem mas o trauma permanece.
Pequeno reparo: a maioria para mudanças na constituição é de 3/5 e não de 2/3, como já foi no passado.