A Globo renega seus bad boys

Parece que a temporada de autocríticas fajutas está aberta nas Organizações Globo.

Depois do abjeto editorial em que renega o regime militar que as transformaram num império de poder e riqueza, agora seu alvo é menor: os “bad boys” das manifestações.

Aos outrora “voz das ruas”, diz O Globo agora: “Lunáticos, go home”.

“Se você estiver entediado e quiser apimentar um pouco a sua rotina, não hesite: ligue o computador, mergulhe no mundo mágico das redes sociais, reúna uma dúzia de amigos mais ou menos ociosos, combine com eles uma causa (pode ser “tédio nunca mais”), pinte o slogan em algumas cartolinas, saia às ruas com o seu grupinho revolucionário e feche uma das principais avenidas da cidade. Qualquer uma. Mas feche mesmo: interrompa totalmente o trânsito, pelo tempo que você quiser”

E, a partir dai, convida as “autoridades” – embora seja difícil ver alguma autoridade no mulambo que se tornou o governador do Rio – desçam bordoadas em qualquer manifestação.

À parte o estilo deplorável do texto – quem lê fica com a nítida impressão que poderia ter sido escrito por Arnaldo Jabor – o mais intrigante é descobrir o que significa esta súbita conversão do império à causa da ordem.

Da ordem, porque da democracia parece-lhe ser geneticamente impossível.

Vejamos as pistas que o texto dá:

Provavelmente tem a ver com populismo (essa praga que dominou o continente na última década), e com uma noção subdesenvolvida de bondade e tolerância. O marqueteiro mandou não contrariar. E o mais triste é que a suposta explosão cívica, tolerada pelas autoridades, é ainda mais subdesenvolvida do que quem a tolera. Para quais mudanças reais o “povo na rua” está de fato apontando?

E ainda torna mais claro que não abandona sua linguagem “black bloc” contra o Governo:

O governo Dilma, com seus 40 ministérios, bateu o recorde de gastos públicos improdutivos no auge das manifestações (o Banco Central teve que elevar a projeção de déficit para 2,7% do PIB em 2013). A sagrada sublevação das ruas jamais apontou um dedo para qualquer dos ralos do governo popular — origem da inflação que aperta os brasileiros, não só na roleta do ônibus. A nova onda de superfaturamentos no Dnit — alvo da “faxina”! — nem foi notada por ninjas, black blocs, foras do eixo e foras de órbita.(…)

O ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel, que faturou alto com consultorias invisíveis para a indústria mineira, não só permanece no cargo, como dali toca sua campanha para governador. E ainda dá palpite sobre o dólar (“tem espaço para chegar a R$ 2,50”!), bajulando assim seus amigos empresários e bagunçando ainda mais o ambiente econômico. É típico do parasitismo petista, que não incomoda os fechadores de rua.

Pode ser que eu me engane, mas a direita brasileira abandonou a fantasia pós hippie de Marina Silva e vai trabalhar para construir uma candidatura “da ordem”.

Difícil, com Aecinho.

Alguma coisa se desenha por trás da nuvem de vapores fétidos  que vem emanando da Globo.

Ela sabe que o feitiço que ajudou a criar se volta contra ela, porque não há maior símbolo de opressão do que a marca da Globo.

A agressividade e a perda de compostura, em geral, são reflexo do medo.

Talvez ter sabido das boas risadas de Lula, após a embaixada de um dos Marinho ao “ex-apedeuta” tornado em oráculo, tenha acirrado seus temores.

Observemos, sem esquecer que a Globo só tem uma bússola: o dinheiro.

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7 respostas

  1. Independente de concordar com muita coisa, considero deplorável chamar de “mulambo” o PRIMEIRO governo que libertou grande parte do Rio das rajadas de fuzil DIÁRIAS, que infernizavam o carioca há três décadas.
    É no mínimo suspeito, que este governo que ENFRENTOU de verdade o tráfico, tenho sido o único a levar bombas de manifestantes.
    O resto, como se diz em outro blog, é o “luar de Paquetá”.

  2. Doutor David de Oliveira de Souza. Parabéns nem tudo esta perdido neste amado Brasil. Sua carta foi arquivada para eu publicar nas minhas memorias. Deus te abençoe e te guarde.

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