A lei da selva de Bolsonaro é a morte

Parece aproximar-se o desfecho do caso do desparecimento do indigenista Bruno Pereira e do jornalista Dom Philips, e da pior forma possível, agora com a revelação de que pertenciam a eles os objetos mantidos amarrados a um tronco num igarapé.

Não só por eles e suas famílias, mas para nosso país.

Não só pelo fato de que verifica-se, na prática, que a Amazônia está entregue a gangues de ilegais, armados e violentos.

Não só pelo fato de que são grupos que contam com a simpatia assumida do presidente desta triste república.

Mas porque, há mais de dois anos, as regiões mais remotas daquela imensidão estão entregues à autoridade do Exército, sem que isso tenha representado qualquer redução no desmatamento, no garimpo, caça e pesca ilegais e nem sequer na existência de farto armamento nas mãos daqueles ilegais, e nem sequer imposto a eles o medo de ameaçar e matar qualquer um que se meta à “aventura perigosa” – como diz Jair Bolsonaro – de meter-se nos seus “territórios”.

Sim, porque para eles se demarca a bala, o que orgulhosamente o presidente diz que não se demaracará, um palmo sequer, pela lei, para os povos indígenas.

A política oficial para a Amazônia é a da morte.

Como falar da “soberania” sobre a Amazônia se não se exercem ali as funções do Estado brasileiro, que seja apenas e somente a de zelar pela lei e pela ordem, porque zelar pelas populações ribeirinhas já seria pedir demais para um governo que não consegue cuidar dos “índios”, seminus e famintos, que enchem as calçadas das grandes cidades?

Jair Bolsonaro e a entourage militar de seu governo repetem “A Amazônia é Nossa”, mas ela não é. Não é dos brasileiros “de bem”, como gostam de falar, mas dos que, devastadores e brutais, assumiram seu controle, à margem da lei. Talvez, até, por isso a considerem deles próprios.

Acham que este faroeste tupiniquim é assim mesmo, porque assim devem ser os pioneiros e conquistadores, prontos a fazer os povos indígenas largarem tangas e penas por cartucheiras e chapéus de cowboys e a plantarem soja em lugar da floresta.

A provável morte de Bruno e Dom – já não é possível esperar algo menos trágico que isso – ficarão como uma anátema sobre quem foi incapaz, sequer, de uma palavra de solidariedade, muito menos de indignação, diante do trágico destino dado a dois homens que amavam o Brasil e os brasileiros.

Jair Bolsonaro e os militares que dão suporte a seus crimes são, para nossa vergonha, a antítese da civilização. Que o espírito do Marechal Cândido Rondon, que nunca deixou aquelas brenhas amazônicas, receba os dois para ajudá-los a cuidar da floresta.

 

 

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