A mídia pauta a PF?

O velho Brizola, volta e meia, saía-se com essa: tem cara de jacaré, tem couro de jacaré, tem boca de jacaré, como é que não é jacaré?

Lembrei disso agora cedo lendo a matéria de O Globo dizendo que “PF diz que tese do telemarketing perdeu força” na investigação da boataria sobre o Bolsa-Família.

Tese? Vamos reler o que as fontes do jornal disseram no dia 24 :

“Em menos de uma semana de investigação, a Polícia Federal descobriu indícios de que uma central de telemarketing com sede no Rio de Janeiro foi usada para difundir o boato de que o Bolsa Família, o principal programa social do governo federal, iria acabar”. 

A matéria dizia que a transmissão do boato era feita através de mensagem de voz.

Só que agora, quando a mídia e a oposição se juntam para dizer que a causa do boato foi a liberação dos pagamentos, a versão muda.

Houve a mensagem de voz, sim, dizem as fontes da direção da PF. Mas o número era inexistente. Leiam:

“Em depoimento ao chefe da Delegacia de Repressão a Crimes Cibernéticos da PF, Carlos Eduardo Miguel Sobral, a beneficiária teria dito que recebeu uma mensagem de voz no celular sobre o fim do programa. Mas, segundo o gabinete do diretor-geral, a partir de um rastreamento da ligação, os policiais chegaram à conclusão que o número de onde teria partido o telefonema é inexistente”.

Como assim? Como é que um número inexistente faz ligações? Um número oculto, disfarçado, trocado, sim. Mas inexistente?

E tem mais: se a afirmação de que a empresa era do Rio foi feita sem outras informações, é algo que só poderia ser concluído se, ao menos, houvesse a indicação do código 21 no número chamador.

(Detalhe: a fonte, segundo o próprio jornal, é do gabinete do Diretor Geral. Não é o “sub do sub do sub”)

Partindo do princípio de que a cobertura é honesta e que a versão é da direção da PF, será que não ocorreu aos repórteres perguntar como é que um telefone que não existe faz ligações?

Será que vivemos naquele thriller de terror “O chamado”?

Infelizmente, às vezes a  gente tem de pensar que De Gaulle tinha razão.

 

 

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11 respostas

  1. O ano passado se viu essas práticas de ligações feitas por políticos com ocultação de números. Isso simplesmente porque hoje se consegue ter disparados de ligações de milhares por minuto, como por exemplo SMS ou torpedo de voz em massa, basta pesquisar no google e ver várias produtos neste sentido.

  2. Comentário enviado por e-mail e postado por Castor

    Continuamos errando MUITO.

    Prá começar, eu sou blogosfera e eu JAMAIS escreveria que o Brasil não é país sério — como se lê abaixo. Quem escreve e ensina que o Brasil não é país sério é, precisamente, a tal ‘mídia’ — da qual tantos falam mal, quanto reproduzem e repetem, supondo, ingenuamente, que a estejam criticando.

    A ‘mídia’ é o que sempre foi e sempre será, desde que nasceu e em todo o mundo: um cartel de empresas comerciais. A tal ‘mídia’ devia ser proibida ATÉ pelas leis da livre concorrência comercial. Deveria ser proibida, também, em país democrático, sempre que vivesse de mentir, inventar, distorcer e promover golpes contra governos eleitos.

    Então, de repente, aparecem esses discursos de “contra a mídia (que há) e a favor de mídia democrática”. Nada mais esquizofrênico que esse discurso. Esse é o discurso de quem NÃO CONSEGUE VER o que é e o que faz a indústria-comércio da imprensa-empresa e deixa-se engambelar pelo discurso DOS PRÓPRIOS JORNALISTAS PATRÕES E JORNALISTAS EMPREGADOS. É o tal papim da “informação necessária”.

    Ora bolas! É claro que há informação necessária. Mas essa informação necessária ABSOLUTAMENTE não é a opinião de D. Dora Kramer.

    A opinião de D. Dora Kramer, se avaliada pelos votos que os candidatos de D. Dora Kramer receberam em, já, TRÊS ELEIÇÕES NACIONAIS, LIMPAS E JUSTAS, mereceria, no máximo, o espaço que se dá para um dos 12 signos do horóscopo, num cantinho de página, uma vez por mês, no máximo. Seria uma justa distribuição de espaço e voz, suuuuuuuuuuuuuper democrática, correspondente à proporção de votos que a UDN paulista recebeu nas urnas. Ou não?!

    Além do mais, todos JÁ CONHECEMOS a opinião de D. Dora Kramer — que é sempre a mesma opinião udenista paulista golpista, sem mudar nem os advérbios, há eeeeeeeeeeras. E que, além disso, é opinião IDÊNTICA à dos Mervais & Waacks, sempre a mesma. Se for “informação necessária” é informação necessária EXCLUSIVAMENTE à UDN paulista golpista.

    Pretender democratizar a “mídia” é tão idealmente necessário quanto praticamente impossível no mundo do capital, porque a “mídia” — que é empresa comercial e visa EXCLUSIVAMENTE ao lucro — é tão democratizável quanto uma fábrica de salsichas podres, que viva dos lucros que obtenha por conseguir vender a maior quantidade possível das salsichas mais podres possíveis.

    Como é que se democratiza(ria) uma fábrica de salsichas podres? Obrigando a fábrica a NÃO VENDER salsichas podres? Mas, para vender salsichas não podres (e até para vender salsichas só um pouco menos podres!), a empresa terá de DESISTIR de fatia enorme de seus lucros: a produção de salsichas menos podres e não podres é muito mais cara que a produção de salsichas podres. Assim também, a produção de bom jornalismo, seriamente investigativo, civilizatório, de esclarecimento e ilustração é, é claro, MUITO MAIS CARA que a produção do jornalismozinho da D. Eliane Cantanhede e da D. Renata Loprete e da D. Danuza e dos ‘repórteres’ e ‘correspondentes estrangeiros’ [só rindo!] da empresa-imprensa brasileira.

    Retrato vivo do que a empresa-imprensa brasileira entende como “informação necessária” é pôr um ‘correspondente no Oriente Médio’ em Telavive… para falar sobre “a Região”. Quem precisa disso, além dos sionistas, é claro?!

    Esse tipo de empresa comercial que enlata a vida real para vendê-la com lucro, que se pauta por ‘pesquisas’ mercadológicas e números de audiência é aparelho DO CAPITAL.

    Petistas que tenham medo dessa palavra — CAPITAL — densa de significado político-econômico real, que digam, pelo menos, que esse tipo de empresa comercial que ainda chamam genericamente de “mídia” — como se se falasse de um intermediário neutro! — ou de “comunicação” — como se se falasse de um processo neutro! –, é aparelho conservador, de conservação.

    Já seria um avanço, em relação ao discurso dos petistas, para os quais alguma blogosfera seria ‘naturalmente’ competente — e nasceria prontinha, como Vênus, da cabeça de Júpiter, no instante em que alguém se sentasse frente à tela de um computador e se pusesse a dar xiliques metidos a ‘éticos’ nas ‘redes sociais’.

    Já nos poupariam, pelo menos, dessas besteiras de supor que a presidenta Dilma, só porque foi eleita, já teria chegado ao Palácio do Planalto totalmente preparada e com poder político para, em duas penadas, ‘democratizar’ a imprensa-empresa brasileira — que é cartel udenista golpista desde a edição n. 1 de O Estado de S.Paulo, há 200 anos. E que é cartel udenista golpista que hoje, pela primeira vez em 500 anos, está fora do poder federal, o que significa dizer que está em posição de que tem, já, pouco a perder e já partiu para o tudo ou nada.

    O governo Dilma tem de ser AJUDADO por nós, que votamos para pô-lo onde está.

    O governo Dilma tem de ser DEFENDIDO por nós, que votamos para pô-lo onde está.

    Estamos em guerra contra a empresa-imprensa, no Brasil, hoje.

    Em guerra, infelizmente, nunca se trata de defender só o que seria ‘certo’ e ‘bonito’ e ‘ético’ nos confortáveis tempos de paz, nos simples, simplíssimos tempos de paz. Tempos de guerra são tempos dificílimos e complexos.

    Exigem discursos mais complexos e DISCURSIVAMENTE mais eficazes.

    Exigem criatividade revolucionária.

    Exigem PROPAGANDA POLÍTICA DE DEMOCRATIZAÇÃO (no Brasil 2013, exigem também PROPAGANDA POLÍTICA DE RE-DEMOCRATIZAÇÃO). Tudo isso tem de ser INVENTADO, COM PLANO, COM PROJETO, REVOLUCIONARIAMENTE.

    Erra muito, muito gravemente, o Partido dos Trabalhadores, se não cuida de ensinar ISSO aos seus quadros e à sua militância.

    Porque falta bem pouco para que o artigo abaixo possa ser subscrito por algum Aécim — esse candidato rapa-de-tacho que restou ao antes tão ‘inteligentíssimo’ PSDB paulista. E o mais engraçado é que Aécim é mineiro!

    Quer dizer… São Paulo perdeu o bonde da história?! Pois é. Perdeu. Nós DERROTAMOS, derrota acachapante, a UDN paulista e tooooooooooooooooooooooooodo o seu braço ‘jornalístico’. ISSO tem de ser dito.

    A defesa da ‘democratização’ da imprensa-empresa brasileira serve, em primeiro lugar, para nos IMPEDIR de dizer isso: nós JÁ DERROTAMOS esses caras. Não precisamos bater boca com eles. Temos de construir NOSSOS DISCURSOS DE DEFENDER O GOVERNO DILMA.

    “O governo não ganha uma da mídia” — perdoem-me as sensibilidades petistas — é papim do Jabor.

    De pouco adiantará demitir os panacas da ‘cumunicação’ da SECOM, pq, demitidos esses panacas, amanhã já seriam nomeados outros jornalistas iguaizinhos àqueles, para fazer ‘jornalismo’.

    E nós não precisamos de mais ‘jornalismo’ aprendido nas HORRÍVEIS escolas de ‘cumunicação’ do Brasil. Nós precisamos de especialistas em PROPAGANDA POLÍTICA DE DEMOCRATIZAÇÃO.

    Precisamos de alguém como um Duda Mendonça, só que marxista.

    Não sei se há no Brasil. Talvez haja na China? Talvez em Cuba? Talvez na Venezuela? Talvez em algum grupo do Despertar Islâmico?

    Não sei. Mas… não estamos no poder, meu saco?! Não somos país rico?
    “País rico é país sem jornalismo reacionário.” Pronto! Taí! Manda a SECOM inventar uma campanha com esse mote.

    Santo Deus! Se eleger o/a presidente/a da República não servir NEM PRA ISSO, francamente, prefiro o Bashar Al-Assad que, pelo menos, sabe ver exatamente ONDE está o inimigo.

    VV

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