A síndrome do escorpião

Há gente surpresa com o fato de, mesmo tendo com o PL (em tese) a maior bancada partidária na Câmara (99 deputados do PL) e no Senado (14), Jair Bolsonaro toma a iniciativa de entrar em conflito com a maioria das Casas legislativas, primeiro com a inócua iniciativa de cancelar as emendas parlamentares (as das comissões e as de relator) e, agora, confirmando que vai lançar uma candidatura contrária à de Rodrigo Pacheco à presidência do Senado.

Não há nada de surpreendente, porque, estando fora do Governo, Bolsonaro sabe que só pode sobreviver como seita radical e não como participante do jogo democrático institucional. E, para isso, bancadas parlamentares só servem se puderem ocupar posições em que inviabilizem o funcionamento do novo governo. Ou, ao menos, tentem fazê-lo.

Bolsonaro é como o escorpião da fábula, que ferroa o sapo que lhe proporcionou atravessar as dificuldades do pântano, ainda que isso o vá destruir também.

É da sua natureza e dela não pode fugir.

O Centrão não é “ideológico”, é prático. Ficar em oposição radical a um governo nascente, com cargos e políticas a serem definidos é como querer que o sapo se afogue.

Lula, velho de guerra na interpretação política, sempre soube que isso acabaria por acontecer e, por isso, espera o fim do governo para atrair PP e Republicanos, senão para a base governista, ao menos para uma postura pendular em relação às propostas da nova administração, ao menos no primeiro ano.

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