Nos tempos em que os “Esquadrões da Morte” ainda não tinham ganho o nome de “milícias”, corria no submundo a história que havia um sítio, na então remota região que mistura Jacarepaguá com a Barra, com seus alagadiços – eu mesmo pesquei muitas corvinas na inacabada Via 9, hoje Avenida Senador Allende – que havia um sítio, de um ex-policial, onde jacarés eram usados para dar sumiço ao corpo dos infelizes que os “homens da lei” executavam.
Passam-se os tempos, a Via 9 dá acesso agora a prédios e condomínios de luxo na Barra e no Recreio dos Bandeirantes e os jacarés são outros, ainda que sempre com apetite para devorar evidências comprometedoras.
Parecíamos ter superado tempos como aqueles, onde medo e a covardia (“eu não acho nada, porque o último que achou não acharam ainda”), brotados à sombra da ditadura, justificavam tudo e “bandidos em nome da lei” se serviam do medo do crime para assegurar sistemas de dinheiro e poder político.
A restauração democrática das instituições, a começar pelo Ministério Público, de fato, fazia supor que não se voltaria jamais àquilo.
Pois foi justamente dele, da corrosiva mistura entre poder, elitização e ideologia, que partiu o afrouxamento que parece ter levado ao poder os métodos – e talvez personagens – que transformaram os medos sociais em suas gazuas para alcançar, emulados pela mídia, o comando deste país.
Nele, e no Judiciário avacalhado por temores, por “passa-moleques” tuitados, por perucas e bombados, é que isso prospera, quando tudo se justifica por combate a “corruptos e esquerdopatas”.
Assistiu-se o filho em comando do Presidente sugerir novo AI-5, viu-se um inquérito policial ser desqualificado sumariamente, confessou-se publicamente que o presidente da República mandou alguém (o filho, provavelmente) recolher, sob sua custódia, material de prova num caso de assassinato.
E a tudo isso, a resposta foi execrar um porteiro, acusar um governador, fazerem miar promotoras sobre um inquérito, o Procurador Geral engavetá-lo e um diktat do ministro da Justiça decretando que “o assunto está encerrado”.
Passem o caso para a minha polícia, diz ele, como se esta fosse seus jacarés de Jacarepaguá.
O comportamento do agora Ministro da Justiça mostra que, para Jair Bolsonaro, a regra é outra diferente da que citou ao condenar o ex-presidente Lula, o então juiz Sergio Moro escreveu: “”não importa o quão alto você esteja, a lei ainda está acima de você”.
A frase é tradução de um escrito do historiador e padre inglês Thomas Fuller.
Que escreveu também que “a mentira não tem pernas, mas o escândalo tem asas”.
12 respostas
COMO GOSTARIA QUE TODOS ENTENDESSEM QUE ELEIÇÕES DE NADA RESOLVERÃO SE NÃO TIVER O COMPROMISSO,DE QUEBRA DE CONTRATOS DE ACORDOS ESPÚRIOS QUE EMPOBRECERAM E ESCRAVIZARAM O POVO IRÃO PARA A LATA DO LIXO.
SEM ISSO NEM MIL LULAS ASSESSORADO POR MIL CRISTOS RESGATAM O BRASIL DA MISÉRIA E O POVO DA SERVIDÃO.
ASSIM COMO DE NADA ADIANTA GRITAR FORA BOLSONARO,TEMOS É QUE DERRUBAR ESSE GOVERNO DE BANDIDOS,ANULAR ESSA FRAUDULENTA E CRIMINOSA ELEIÇÃO E PRA ISSO É PRECISO MAIS QUE PALAVRAS,É PRECISO A FORÇA DOS ATOS.
ALGUNS DIZEM ;NÃO DEVEMOS ODIAR,NÃO DEVEMOS SER IGUAL A ELES. CONCORDO:DEVEMOS SER PIORES QUE ELES POIS ESSA É UMA MANEIRA DE AMAR.
TEM UM ATO PARA O DIA 5 QUE NINGUÉM SABE PARA QUE,VISTO QUE NÃO PEDE LULA LIVRE OU A QUEDA DESSA QUADRILHA E SE A JUSTIÇA NO MUNDO PASSA PELA PALESTINA CÁ NA TERRINHA PASSA POR LULA LIVRE.
QUAL É NOSSO MEDO? MEDO DE MORRER?
EU MORREREI COM PRAZER PARA SALVAR MEU FILHO,SEUS FILHOS E OS FILHOS DE SEUS FILHOS E ASSIM VIVEREI ETERNAMENTE NA LEMBRANÇA DELES.
Infelizmente o Brasil tem poucas pessoas que estão dispostas a fazer o que você tem coragem de dizer que faria. Nosso(deles) é um país de ingratos e covardes que se beneficiaram das políticas sociais do PT(Lula e Dilma) e somos incapazes de ir em massa como no Chile e exigir a liberdade de Lula. Tenho 69 anos, já vi e sobrevivi a muitad coisas, mas não o que está acontecendo de 2013 para cá e imagino que vai piorar.
E tudo,sera como antes!O que o Brasil precisa mesmo,não são REFORMAS EXTRUTURANTES E COISAS MAIS.O que o Brasil precisa mesmo, é CONSEGUIR UM POVO,MENOS COVARDE.O que o POVO BRASILEIRO,assim como outros,pela historia afora,mais gostam,E DA SERVIDÃO.Essa que os desobriga de pensar.
Por ter sido posta em segundo plano a Marinha (que pouco fez p defender a Amazonia Azul no episodio do vazamento) bem q poderia entrar nos focos de milicia e aniquila-los fisicamente. Entrar e matar. Depois o almirante chega com o presidente e diz ad summus e nao precisa agradevcer e fodase ????
Globo e Folha já nem mencionam, hoje, a descarada subtração de prova. Amnésia seletiva ataca mais uma vez!
Tão dolorido seguir as notícias…
Cada uma fere mais que a outra. E a razão, essa capacidade de dobradura mental sobre os fatos, vai, mesmo sem entender como isso acontece, levando ao acostumar se. A naturalização serve ou acostumar se a tudo, serve para evitar que ser sofra ou morra se dessa doença chamada tristeza profunda (a acedia) que atinge a alma antes do físico. Viver nos dias atuais é administrar as desilusões que atingem a utopia, mais que os sonhos.
A milícia de Rio das Pedras, de onde vem Queiroz, Ronie Lessa e capitão Adriano ainda continua a usar os jacarés que habitam os córregos, valões e lagoas da área para desaparecer com desafetos.
Por ter sido posta em segundo plano a Marinha (que pouco fez p defender a Amazonia Azul no episodio do vazamento) bem q poderia entrar nos focos de milicia e aniquila-los fisicamente. Entrar e matar. Depois o almirante chega com o presidente e diz ad summus e nao precisa agradevcer e fodase ????
A anistia de 1979 concedida pelo presidente João Batista Figueiredo deu carta branca para todos os torturadores continuarem suas práticas como guarda costas de bicheiros por exemplo. Esse povo que explodiu bomba no Ro Centro, contemporâneos de Bolsonaro no seu tempo de Academia Militar está todo aí, na ativa e cheio de herdeiros. Ilusão pensar que leis ou instituições abrandarão a situação. essa corja chegou ao poder supremo.
Essa frase de Moro começa assim: ” Pobre, …”
Tinha quase esquecido dessa frase: “eu não acho nada, porque o último que achou não acharam ainda”. Os jovens lá no twitter não sabem a que se refere, assim como não entendem a extensão da menção do Eduardo Bolsonaro ao AI-5. Esta é uma grande falha da nossa geração: não estabelecemos, como em outros países, um dia ritual do não esquecimento, para transmitir para as demais gerações o que significou a ditadura de 64.
Mais um texto excelente do Brito, que vale por mil crônicas do hospício que vivenciamos. E “Perucas e bombados” bem poderia ser o nome de um folheto que deveria circular por todo o país para esclarecer o povo sobre este momento.