Alckmin não é para dar voto (e dá), mas governabilidade

Diz o Datafolha que ” o impacto” de uma aliança entre Lula e Geraldo Alckmin sobre a possibilidade de escolher o petista, que “16% disseram que ela aumentaria”.

Há 11% para os quais a presença do ex-tucano na chapa diminuiria a determinação de voto, mas esta suposta perda é, em mais da metade, de eleitores que definem seu voto como de Lula e que, claro, reagem ao desejo de que o petista faça um governo que corresponda apenas aos desejos que nós, da esquerda, temos.

Depois de uma década e meia de progressos e de um golpe político, já estamos vacinados contra a “desejolatria”.

Creio que o Datafolha confirma o que se vem dizendo aqui: que a possível composição com Geraldo Alckmin é menos importante do ponto de vista eleitoral – embora poucos pontos sejam decisivos para uma profilática eleição de Lula em primeiro turno – do que seria para a mais difícil tarefa de estabelecer um governo capaz de fazer mudanças.

Se alguém acha que Lula, vencendo as eleições, está atrás de uma “reparação” por toda a perseguição que sofreu, está errado.

Governar com sucesso, isto sim, é o que o desafia e no que será medido.

Quais são as questões envolvidas nisso?

A primeira e óbvia é recuperar o crescimento econômico e, com o Estado arruinado e todas as heresias fiscais já praticadas no governo Bolsonaro, a capacidade de intervir neste processo com investimento exclusivamente estatal está muito reduzida e, como sempre, é naturalmente lenta. Precisa, portanto, mais até do que uma interlocução com o mercado mas de um sinal e que não pretende ser “vingativo” em relação ao mercado, embora isso esteja, por culpa, mais na cabeçado mercado do que na de Lula.

A segunda é ter um articulador com trânsito no Congresso, onde impera um mar de interesses locais que, na falta de uma política municipalista da União, partiu ávido para fazê-la pelo caminho da emendas, sejam as publicas ou as “secretas” e que precisam ser reabsorvidas pelas políticas públicas federais de articulação que deixaram de existir no país.

Se vai dar certo, claro, é uma incógnita, mas é tentar o necessário para que um governo democrático e de reerguimento do país tente normalizar um Brasil onde o ódio passou a ser a forma essencial da política.

Isso, se a aliança entre ambos assumir a expressão de uma candidatura a vice. Foi tão surpreendente este caminho do entendimento político que não é absurdo possa surgir outra forma de expressá-lo.

O importante, porém, é que ele existe, algo do que muitos duvidavam, e é um bom augúrio para um governo progressista no país.

Afinal, é a primeira vez que um destacado politico liberal alia-se à esquerda e não por fisiologismo como fez Michel Temer.

 

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