Aliança para a batalha, gesto para fazer a paz

Na reportagem que publica no Brasil247, deliciosamente escrita com temas musicais, o jornalista Luís Costa Pinto conta a história sendo costurada nos espaços reservados do jantar promovido pelo Grupo Prerrogativas, ontem em São Paulo marca – e o repórter tem “rodagem” para ir além do descritivo – o início do que se poderia chamar de “fase pública” das alianças que irão decidir o caminho do país após outubro do ano que começa.

Os que veem a política como uma sequência de “tretas”, algo típico dos que não a enxergam como a definidora da vida social e econômica de um país – mais ainda num país imenso e carente como o nosso – olham os movimentos de aproximação entre adversários como um truque eleitoral – “quantos votos isso dá?”.

Dificilmente alcançam a percepção de que outubro próximo será um embate entre uma ideia democrática de Brasil ou – ainda bem que improvável – desabarmos ainda mais no precipício da selvageria.

É visão assim a que faz a Folha ir “tretar” na home de seu site com um “Passado não importa, diz Lula em jantar com Alckmin”, torcendo as palavras corretamente registradas pelas repórteres do jornal: “Não importa se no passado fomos adversários. Se trocamos algumas botinadas. Se no calor da hora dissemos o que não deveríamos ter dito. O tamanho do desafio que temos pela frente faz de cada um de nós um aliado de primeira hora” foi o que se disse.

Falta de capacidade de entender o essencial da mensagem: o desafio de tornar o Brasil de novo um país onde as relações podem ser civilizadas, onde as medidas governamentais sejam diferentes do “ripar todo mundo”, onde os problemas não são enfrentados “fazendo arminha” nem liberando a venda de fuzis é tão grande que diferenças podem e devem ser deixadas para trás em nome da necessidade imperiosa de tirar o caldo de ódio e de fome em que brasileiros estão sendo lançados.

Lula está fazendo uma sinalização clara do que pretende. Disse, com todas as letras, que sabe “que o Brasil que vou pegar em 2023 é muito pior do que o Brasil que eu vou pegar em 2003. Não quero brincar com o povo brasileiro”.

É a isso que as elites burras chamam populismo, e não a um capitão valentão e um juiz ferrabrás?

Alianças, para serem legítimas, precisam corresponder a uma realidade social e política que exija soma, não intransigência.

Bem caberiam a Lula o que disse ontem, ao comemorar sua vitória, o novo presidente chileno, Gabriel Boric: “ Iremos avançar com passos curtos, mas firmes. Nunca poderemos ter de novo um presidente que declare guerra ao seu próprio povo.”

 

 

 

 

 

 

 

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