Amanhã tem JB!

jbnovo

Amanhã – quem sabe já hoje à noite para os impacientes, nas bancas que varam as madrugadas – é dia de um passeio ao passado e um suspiro pelo futuro.

Ver, outra vez, o velho Jornal do Brasil nas bancas é sentir o que só os que andam perto ou já deixaram para trás os 50 anos, cariocas ou acolhidos pela cidade, podem entender.

O jornal que nasceu com a República mas era monarquista, que teve nomes como Rodolfo Dantas e Rui Barbosa, que renasceu da morte que lhe decretou Floriano Peixoto, que não perdeu jamais suas ligações com as elites mas, curiosamente, acabou levando, com suas reportagens, o então presidente Hermes da Fonseca a visitar uma favela carioca  para minha geração é outro.

Aquele nasceu nos anos 50, com o desenho gráfico do escultor Amílcar de Castro, que varreu a montoeira de anúncios classificados que ocupavam quase toda a capa para apenas um “L” que contornava a primeira página, sob o comando de Odylo Costa Filho, Janio de Freitas, Wilson Figueiredo e tanta gente que veio se somar à transformação do jornal.

Aquele que fazia as idas e vindas políticas  com raríssimo talento. Na antológica capa do dia do AI-5, por exemplo, no canto do alto à direita, lê-se a pequena chamada: “Ontem foi Dia dos Cegos”, referência ao 13 de dezembro que Jânio Quadros, anos antes, havia juntado à montoeira de dias “disso e daquilo” que caía como luva ao breu em que o país era lançado.

Aquele que sempre foi ligado à zona sul carioca, mas que nunca fechou seus espaços à inteligência, à arte, à cultura e, com todos os defeitos de sua vesguice, sempre foi a mulher amada da  minha e de outras gerações de jornalistas.

E que, por isso, não tem como deixar de sentir o gosto doce – talvez fugaz – de ver de novo o velho JB exposto aos olhos, palpável aos dedos, para abri-lo, desfolhá-lo com o carinho que a memória traz.

Pouco sei da primeira edição do novo jornal, exceto que terá um artigo exclusivo do ex-presidente Lula e o Cristo Redentor na capa, cuja prova ficou pronta esta madrugada e me veio, improvisadamente, como uma foto, que reproduzo ao alto.

Vai o Cristo contornado por um editoria em defesa do Rio de Janeiro, a afirmar que a cidade tem solução.

Nenhuma delas, porém, será alcançada sem, como a gente sente ao ver o JB, não nos sintamos também capaz de resgatar o que já tivemos, mesmo com a realidade bruta de um país, de um estado e de uma cidade que andam para trás, governadas por energúmenos, mesmo com uma ditadura a nos atenazar, mesmo quando, mais que o dia, os tempos são dos cegos.

Um tempo de mais delicadeza.

Não sei que notícias traz o jornal, mas importa pouco, porque a notícia, ali, é o JB. Viva o JB!

 

contrib1

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30 respostas

  1. Viva de volta a boa leitura, é um bálsamo para cérebro e a cultura cariocas e por conseguinte do Povo brasileiro Viva.

  2. Lembrei-me das idas à praça Pedro II, no centro de Teresina-PI, todos os domingos no final da tarde, para meu pai comprar o JB, que seria devorado durante a semana. Isso na década de 70.

  3. O jornal que me acompanhava na travessia das barcas para o Rio de Janeiro no meu período de faculdade. Depois de formada virei assinante. Esse jornal fez parte da minha formação. Coluna do Castelo… Entre outras. Com certeza irei as bancas amanhã para comprar esse exemplar que com certeza será histórico.

    1. Ciro acabou como representante de esquerda. Está queimando pontes e deixando claro que endoidou de vez. Aceitar a injustiça feita ao Lula é capitular ! Ciro politicamente é pueril.

  4. Acredito que nos tempo de hoje poderia renascer também o Pasquim, mas está difícil encontrar jornalista como daquela época, porque o que necessitamos urgentemente é de democracia e de propostas que nos resgatem desse atoleiro em que nos encontramos.

  5. JB seja bem vindo ao mundo das trevas!! …iluminar essas mentes doentias desses jornalistas teleguiados pelos barões da pauta do dia a dia dos que assistem a redeGLOBOSTA!!! Longa Vida!!! … não seria salutar a volta do grande Jânio de Freitas?…

  6. Quando alguns são mortos vivos de péssimo jornalismo e jornalistas , que pecam nas idéias e principalmente nas palavras . Verdadeiros zumbis . Ten se que comemorar .

  7. Ainda tenho três edições do JB do ano de 1990 quando teve o show de Paul McCartney e que tive que ir comprar no aeroporto de congonhas,uma de janeiro de 1993 e mais 14 do ano 2006/2007(que tinha o medíocre Augusto Nunes no jornal,ou seja,o remédio errado)que comprava com muita facilidade no centro clássico e histórico de Recife.

    Será que o Jornal do Brasil não poderia relembrar a opinião dada em 30 de maio de 2013(?),um mês antes das jornadas do início do golpe:conspiração contra-a-pátria/JBrasil,contra a conspiração do Brasil?

    Somente o Jornal do Brasil e o meu candidato a presidente depois do Lula,lógico,Rui Costa Pimenta,previram o que estava vindo pela frente a cinco anos atrás.

    1. Tenho mais 6 fantásticas edições do JB sobre os jogos Itália x Argentina copa de 1990(jogo que acabou com a carreira de Maradona)e a final da copa do mundo de 1990.04/07/1990-09/07/1990.

      Se não tiver no acervo nenhuma destas edições,eu poderia ajudar a colocar no acervo digital,assim como pretendo fazer com algumas corridas de MotoGP que tenho desde os tempos de Luciano do Valle no Show do Esporte que quero colocar no youtube uns 20 ou 30 gps(somente,por favor!) com dublagem em português.Agente não leva nada embora mesmo.

      1. Pesquise no Google as palavras-chave ” Jornal do Brasil Google News”.

        Existe todo o acervo digitalizado desde a fundação até o ano de 1995.

  8. Gosto muito da interatividade, e até hoje não perdôo o fato de que muitas de minhas cartas, embora concisas, fossem ignoradas.

    Entretanto, um certo leitor com uma verborragia reacionária tinha suas cartas publicadas com uma frequência considerável. Esse foi o JB que conheci, o da segunda metade dos anos 90, sequestrado pela turminha da FIRJAN.

    Aproveitei a perda do meu poder aquisitivo com o neoliberalismo de FHC ( que o jornal defendia em linha editorial) para encerrar de vez a assinatura em 2003.

    O Brito tem razão num ponto: O jornal sempre foi zona sul demais, porém, como morador do Flamengo, afirmo que para esse jornal a zona sul começava após o posto nove.

  9. Complementando o que escrevi acima, o JB combativo do início dos anos 80 (quando eu era pré-adolescente) só existia na mente dos saudosistas ba defina metade dos anos 90 (quando eu já era adulto e me tornei assinante).

  10. Conheci o JB através de um amigo alagoano ( sertanejo de Arapiraca ) que morava no Rio, ele deve estar feliz da vida com a volta do velho JB.

    Viva o Jornal do Brasil !!! Viva o Rio , seu POVO que mesmo com os Crivellas e Cunhas da vida, segue lutando, enverga mas não se quebra.

    Mas não existia mesmo uma história que os jornais impressos estavam condenados ??? Livros também ??? Cinema seria coisa do passado ??? Existia até um idiota americano com nome japonês que do alto de sua empáfia afirmou que a “História tinha chegado ao fim”.

    Pobrezinhos, expressam o desejo insano de suas almas doentes, mas esquecem que a humanidade se move como gente ( as vezes como gado ).

    Em breve vamos mostrar também que um certo ex-presidente e um determinado partido político nacional ainda estão vivos e BEM VIVOS !!!

  11. Sr.Britto.Mesmo NOSTÁLGICAS LEMBRANÇAS,certamente misturadas|às mesmas que temos ,todos nós, dos primeiros tempos, da JUVENTUDE,o saudoso JB foi continua sendo,um espaço do ” JORNALISMO “,essa função que durante toda a sua HISTÓRIA, não foi nada mais,que o ESPELHO QUE OS DONOS OU PATRÕES,sempre quiseram que lhes tingissem as páginas.Não há,na história do JORNALISMO,nada diferente,senão poucos exemplos.Talvez,num futuro que espero não longínquo,isso mude de PADRÃO.Com a internet,se vislumbra LUZ NO FIM DESSE TÚNEL.

  12. De boa leitura jornalística não posso me queixar, pois meu pai, ainda no interior do Ceará, na década de 1960, conseguia jornais do Rio de Janeiro para ler, sendo leitor, principalmente, do Última Hora. Depois, já em Fortaleza, passou a comprar regularmente o Jornal do Brasil. Eu, criança/adolescente, lia os dois jornais quase que de cabo- a -rabo. No JB, no segundo caderno, eu me deliciava com as colunas de José Ramos Tinhorão e Ana Maria Bahiana.

  13. O JB online é uma das minhas fontes de informação a muito tempo e nem sabia de sua historia.

  14. Fui, hoje cedo, domingo, comprar o jb. Não comprei, na banca, descobri que distribuído pela globo.
    Começou mal.

  15. Este é o verdadeiro Jornal do Brasil digno, decente e moral. Todos os outros tem se portado como o lixo do Brasil dos podres da elite e dos coronéis a começar pelo pior deles que é o Jornal O Globo, na verdade globo da morte.

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