“Tenho dito que as Forças Armadas não são milícias do presidente da República, nem de força política que o apoie.”
Reportagem mais importante do dia, que acebei deixando de comentar por contados coices distribuídos pelo presidente da República, a entrevista da agência Deutsch Welle com o ministro Gilmar Mendes, toca na pedra de toque do sucesso ou insucesso do golpismo em curso no Brasil: a adesão ou a rejeição dos comandos militares aos planos de atropelo às instituições nutridos por Jair Bolsonaro.
Mendes, que esteve reunido semana passada com o general Edson Pujol, comandante do Exército, é óbvio, não diz que ouviu dele, mas fica evidente que é parte da conversa que ele transmite, ao dizer que os militares estão percebendo que a associação com Bolsonaro está danificando a imagem das Forças Armadas:
“Recentemente saíram pesquisas que indicam que está havendo uma identificação entre as Forças Armadas e o governo Bolsonaro, em tom negativo. Acho que isso vai se perceber. No caso da Saúde, está sendo altamente desgastante. O governo federal está tendo uma atuação claudicante no que diz respeito ao combate à covid-19, e a responsabilidade irá para quem tem a gestão, para o próprio presidente da República e para os militares que lá estão. Certamente aqueles que têm a preocupação com o papel das Forças Armadas, com seu papel institucional, estão vendo criticamente esse desenvolvimento”.
A avaliação de Gilmar Mendes chega ao ponto, inclusive, de imaginar que, seguindo nesta escalada, os militares da ativa venham a se pronunciar contra a inclusão das Armas nas disputas políticas.
Há mais coisa importante na entrevista, onde Mendes fala da influência da Lava Jato em favor de Bolsonaro nas eleições de 2018:
Há relação entre a Operação Lava Jato e a eleição de Bolsonaro?
As operações de combate à corrupção afetaram o sistema político como um todo, e a Lava Jato teve papel de centralidade. Permitiu que houvesse uma disputa entre o PT, que continuou forte e orgânico, contra isto que se consolidou. A vitória de Bolsonaro se explica nesse sentido, ele acabou galvanizando os grupos que já representava, mas certamente todos aqueles que repudiavam o PT, os métodos, a corrupção. E é notório que o próprio juiz [Sergio] Moro tomou medidas, por exemplo a revelação de depoimentos do [Antonio] Palocci. A Lava Jato tomou partido. E se faltasse alguma explicação, Moro veio a integrar o governo Bolsonaro. Se há um candidato do lava-jatismo, certamente é Bolsonaro.
A entrevista, na íntegra, pode ser lida aqui.
11 respostas
Importantíssimo, mas será que dá pra acreditar plenamente nisso ? Na melhor das hipóteses há uma forte divisão nas FA e polícias. A coisa tem tudo pra ficar muito feia.
A divisão nas FFAA é bem conhecida, se dá entre o alto oficialato e os praças. Mendes falou com o comandante da arma, não com seus comandados fanatizados. Nas polícias, nenhuma divisão, praças e oficiais têm uma única visão e um único vetor de ação. Deste segmento provavelmente virá suporte real a qualquer tentativa canhestra de quebra institucional.
É interessante uma das entrevistas do Nassif com um historiador, que pesquisa sobre as FA. Ele diz textualmente que os oficiais da atualidade são neoliberais. Não se incomodarão em vender cada milímetro de terra, minério, empresa, …, do Brasil. O Guedes ofendu em reunião todos os servidores públicos. Nenhum militar presente se manifestou contra a difamação. Eles pensam que não fazem parte do povo brasileiro.
Os principais comandantes do Exército apoiam o bozo e suas políticas. Então como podemos pensar que as FA estão divididas? Repare o nível intelectual destes comandantes. Este governo é a cara deles. Além disto, muitos são maçons. Não acredito que, caso haja alguma quebra institucional por parte destes comandantes, haverá alguma oposição a eles por parte do Exército ou de outras forças. Lembremo-nos que o Trump é o presidente americano. Até pouco tempo ele amenizou o assassinato de um jornalista por governante da Arábia Saudita. Portanto, não se oporá a uma nova ditadura no Brasil.
Ver este toga falando assim de golpe e das ‘vacas fardadas de estado’ – como um varão de Plutarco, um ditador das regras para as pessoas de bem – me faz gargalhar. Logo Gilmar Mendes, que soube usar tão bem estas mesmas ‘milícias fardadas’ para dar os seus próprios golpes contra a democracia e a favor do seu PSDB. Contra a democracia ganhou, aliado com Sergio Moro e Eduardo Cunha, por exemplo,. Já a favor do PSDB, falhou miseravelmente, com o gangster Aécio ou com o picolé de chuchu Alckmin, tendo que se contentar em ajudar a eleger o Genocida. Mas ele, golpista nato, não se conforma e, de conspirar, não para, não para, não para. Como bom golpista tucano, de fino trato, quer dar agora o golpe do Mobral: reeducar o Cavalão de Troia, ensinar a Besta-fera a não tomar água da privada e, em troca, botar os amigos tucanos, sem votos, para dividir o poder, como nos bons tempos do gangster Michel Temer.
1) Aviso: o GOLPE já foi dado, em 2016, com Supremo, FFAA, PIG, “mercado” e tudo mais.
2) O que causa “desgaste” na imagem das forças armadas não é Bolsonaro, mas a interferência na política em detrimento da Democracia.
3) O mesmo desgaste ocorre com o “tudo” do golpe. Todos são responsáveis pela demonização da política, e portanto pelo resultado.
4) Se querem fazer valer suas vontades políticas, deveriam participar do jogo democrático de forma limpa, sem apelos, sem manipulação. Ou então continuarão com sua má reputação.
Se os militares brasileiros levassem a sério a subordinação ao poder civil não existiria o tweet do General Villas Boas. Que colocou a faca no pescoço do STF na véspera do julgamento do HC do Lula.
Em 3 de abril de 2018, escreveu na sua conta do Twitter: “Nessa situação que vive o Brasil, resta perguntar às instituições e ao povo quem realmente está pensando no bem do país e das gerações futuras e quem está preocupado apenas com interesses pessoais?”
Logo depois, fez esse. “Asseguro à Nação que o Exército Brasileiro julga compartilhar o anseio de todos os cidadãos de bem de repúdio à impunidade e de respeito à Constituição, à paz social e à democracia, bem como se mantém atento às suas missões institucionais”.
Quem não enxerga golpe nisso é ingenuo ou cretino. Simples assim.
Pelamor!!! Eu estou ficando maluco??? Esse pulha do Gilmar Dantas vem falar de depoimento do Pallocci enquanto ele BARROU a nomeação do Lula como Ministro da Casa Civil??? E, o mais incrivel, tem gente da esquerda batendo palma pra esse pulha!!! Acorda, gente!!! E outra… sendo repetitivo: esse é o mesmo Exército que deu 80 tiros num carro de uma família e só através da graça divina morreram somente dois cidadãos? Esses são nossos heróis? Sinceramente, cada dia mais decepcionado com essa esquerda que aplaude hoje almoço de Gilmar Dantas e criticou a mesma atitude quando o personagem era o Serra.
Agora a pouco vi isto aqui, Brito. A fala do assessor é uma coisa que me preocupa. Ficamos preocupados com a adesão ou não das FFAA, sua cúpula sobretudo, e prestamos pouca atenção na baixa oficialidade e praças, e as PMs em geral, com suas notórias relações milicianas.
http://blogs.correiobraziliense.com.br/vicente/governadores-sao-avisados-de-que-entre-eles-e-bolsonaro-pms-ficam-com-presidente/
As nossas Forças Armadas, a maioria são como a Igreja Católica. Nunca deixarão de apoiar as elites. Sempre foram assim. Não nós esqueçamos dos tais Bispos Pastores Evangélicos como Mala cheia, Valdomiro e outros.
Continuamos a achar que o Gilmar foi ao Exército com outro motivo que não apenas sondar o humor dos quartéis. A apreensão de documentos de gente da alta esfera do poder bolsonarista, com certeza deve ter rendido descobertas surpreendentes. Algumas delas seriam tão graves que demandariam consulta e compartilhamento com os órgãos da defesa nacional, para depois seguirem no âmbito policial. Por exemplo, e se surgiram provas de relacionamento com instituições de outros países, oficiais ou não, que sejam frontalmente contrárias aos interesses nacionais ou mesmo à soberania nacional? Vamos dar tempo ao tempo.
Triste sina a desse patropi. Ter o destino determinado, ou assim pensam o general e o juiz, em uma reunião casual entre os dois. Em qualquer país do mundo, o que tem um general na ativa a dizer sobre política é exatamente isso: COISA NENHUMA!!!… Idem um togado da suprema ou de qualquer outra instância judicial.
O togado foi ao general pedir a benção para o STF fazer, e apenas uma parte ínfima, daquilo que teria de fazer; julgar! E nesse caso, somente alguns poucos dos muitos crimes do mandatário máximo do país. Pior, o criminoso foi colocado na cadeira presidencial com o auxílio luxuoso da mesma suprema corte a que pertence o magistrado e das forças
armadas onde posa de pavão no galinheiro o general.
O que será mesmo que os fardados não viram chegar?
Elegeram, em reuniões secretas sob lume de lua cheia, em meio a rituais cabalísticos, com juramentos de sangue e tudo mais – a julgar as declarações do bozo ao villas boas de que o “segredo morrerá conosco” – esse ser demente com seu representante máximo no coração da política tupiniquim.
Resolveram, no interior do ventre desse cruzamento intrespecífico entre maçonaria e máfia que é a ESG que;
1) Vai haver guerra entre EUA e China.
2) O melhor pro país é tomar partido.
3) O partido a ser tomado atende pela alcunha de EUA.
4) É preciso remover os “comunistas” do PT do poder.
5) Diverso de 1964, vamos atuar pela via “legal” – “legal” lá pra eles, bem entendido…
6)Mancomunamo-nos com DoJ dos EUA e parimos um moro, alguns dallagnois e contamos com a inestimável ajuda da emissora plim-plim e demais “órgãos da imprensa”.
7) Não vamos colocar um militar “inexperiente” no poder. Já temos um parlamentar “com vivência” em política lá no parlamento.
8) Tá certo, ele é só capitão – na realidade, tenente “bunda suja” – que só foi a capitão porque aposentado à força para não ter de ser expulso da arma, mas a gente tapa o nariz e presta-lhe continência. Afinal, quem de nós tem essa “vivência política” de 28 anos???… O cara “sabe tudo” de política e é um “dos nossos”.
9) Depois a gente “controla ele”… “Do jeitim que os alemão controlaro o bigudim”
A mais importante prova da academia das agulhas negras deve ser o exame médico… se o candidato não demonstra, de cara, sintomas graves de esquizofrenia, psicopatia ou demência precoce é considerado “inapto”.
Não contaram com a esperteza do “chapolin”. O cara está montando, à partir de suas “bases” nas polícias estaduais e na rede de igrejinhas evanjegues que pululam com cogumelos em estrume de vaca, sua própria milícia, suas “sturmabteilung”, suas SA, um exército pra chamar de seu.
E agora, general? Vai haver uma noite de facas longas???… Só que dessa vez, ao contrário do que houve em 1934, o seu führer vai estar lá no comando das SA…