Atos goplistas são a prova de que 2021 não é 64

Em várias cidades do país, minguados grupos de fanáticos foram à rua comemorar o 31 de março e dar apoio ao atropelo de Jair Bolsonaro sobre as Forças Armadas.

São, como dizia o primeiro presidente da ditadura, Castello Branco, as “vivandeiras alvoroçadas, vêm aos bivaques bulir com os granadeiros e provocar extravagâncias do poder militar”.

Claro que, pela histeria fundamentalista e pela insignificância numérica, só uma finalidade: a de demonstrar aos militares – e a toda a sociedade – de que a memória de 1964 e o desejo de um regime de força podem ser chamados de qualquer coisa, menos de vontade da Nação.

Invocá-la para dar apoio a uma aventura golpista de Jair Bolsonaro é mais absurdo que, como fez o agora Ministro Walter Braga Netto, dizer que o golpe de 1964 veio “pacificar o País”.

Não há base social para um golpe de essência militar – ainda que chefiado por Bolsonaro – e não há condições para uma quartelada de oficiais e, também, não há sinal de viabilidade de um levante da média-baixa oficialidade, de inspiração bolsonarista.

Bolsonaro, aparentemente, só colheu prejuízos com o ato de força que praticou sobre as Forças Armadas.

A foto com os novos comandantes, meramente protocolar, é a formalidade que comprova a artificialidade destas escolhas, ao menos para a vontade presidencial.

Não teve condições de fugir da solução tradicional da ordem antiguidade dos oficiais generais (excetuando apenas os que cairão na idade limite de passagem para a reserva) e, sobretudo no Exército, colocar no comando um general que lhe fosse mais simpático.

A correria com que se deu posse aos novos comandantes é uma antevisão do que os novos comandantes deverão fazer: submergir.

O que não quer dizer a cessação dos perigos, mas deixa as tensões mais entre os comandos e Bolsonaro mais que entre os militares e as instituições.

 

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