BC “pega leve”, à espera para elevar ainda mais os juros

Os 11,75% a que o Banco Central elevou hoje a taxa pública de juros não são propriamente uma “pequena alta”, porque – é bom lembrar – há um ano ela era de 2%.

Mas, dadas as circunstâncias, foi uma decisão cautelosa, esperando para ver nos índices de inflação o impacto dos reajustes generalizados que estamos vendo, de um lado e, de outro, qual será a tendência da economia mundial nos próximos meses, como resultado de um provável “esfriamento” da China, da disputa inflação altíssima versus juros em alta progressiva nos EUA e Europa e,claro, se haverá continuidade no aumento dos preços do petróleo.

Como as previsões de inflação brasileira ainda estão abaixo dos 8 – 8,5%, considera-se que o nível de remuneração real do capital será suficiente para manter o fluxo de dinheiro do exterior e assegurar um “bom comportamento” do dólar, talvez com mais duas ou três rodadas de elevação da Selic.

O problema é que é provavelmente falsa a premissa de que parte o BC ao apontar sinais de uma economia ainda em expansão – ” a divulgação do PIB do quarto trimestre de 2021 apontou ritmo de atividade acima do esperado”, diz seu comunicado – quando os sinais de retração já são bastante evidentes e tendem a piorar com a elevação ainda maior dos juros. Também está fora da conta a turbulência eleitoral e os indícios cada vez mais claros de desequilíbrio fiscal e de queda nas expectativas dos agentes econômicos.

É ml menor, contudo, que uma elevação brutal das taxas, como queriam alguns “tubarões do mercadismo, que propunham uma elevação de 1,5%. Pesou também a decisão do Federal Reserve de aplicar uma correção de 0,25% apenas – em lugar do 0,5% que chegou a ser cogitado, nas taxas dos títulos do Tesouro dos EUA, o que continua fazendo do Brasil uma enorme fonte de lucros com a arbitragem – isto é, a troca – da taxa externa com a interna.

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