BC reduz PIB de 21 e 22 e admite recessão nas entrelinhas

O Relatório Trimestral de Inflação do Banco Central é, no limite das conveniências políticas, a admissão de que o Brasil entrou, agora sem senões e cerimônias, num processo recessivo.

Ao baixar para 4,4% a expectativa de crescimento do Produto Interno Bruto em 2021, não só vai abaixo das expectativas de mercado como deixa claro que espera um resultado negativo para o último trimestre do ano, o que faz estender para o início de 2022 uma visão sombria da atividade econômica.

Ao mesmo tempo, ao reduzir para 1% o que espera para o PIB de 22, mostra que nem mesmo nas expectativas otimistas sonha em algo melhor que uma estagnação econômica, o que não é senão a continuidade do drama em que vivemos.

Também a inflação, estimada agora em 4,7% (no mercado, já a 5%), subindo em 1% o esperado três meses atrás, ainda é cálculo otimista, porque significaria a capacidade de cortá-la à metade em apenas um ano, tarefa que não depende, em absoluto, simplesmente na elevação da taxa de juros, que são como um joelho a não deixar respeitar a economia.

Hoje, saiu outro número ruim, o Índice de Preços ao Consumidor Semanal da Fundação Getúlio Vargas marcou uma variação, já na primeira quinzena de dezembro, de 1,08% a mais que os preços do fim da primeira quinzena de novembro.

O que quer dizer que, provavelmente, a inflação oficial de dezembro vai ficar em torno de 1%, confirmando o fechamento do ano em torno dos 10,2/10,3%, jogando lenha nos reajustes anuais concentrados em janeiro: escolas, outros contratos indexados anualmente e impostos como IPTU e IPVA.

A queda da renda da população – veja o gráfico – é gritante e é a razão fundamental do quadro de crise, não a questão fiscal, menina dos olhos dos neoliberais.

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