Em mensagem no Facebook, Jair Bolsonaro diz agora que tem pressa na vacinação, e que “apenas” não fará pressão sobre a Agência de Vigilância Sanitária para que ela seja aprovada rapidamente.
Não fazer pressão sobre recomendações técnico-científicas seria de fato muito bom, não fosse o presidente useiro e vezeiro em fazê-la, como aconteceu com a demissão de dois ministros da Saúde e praticamente obrigando o Ministério a baixar um protocolo de uso da hidroxicloroquina.
Ou que tenha, irresponsavelmente, oferecido ivermectina e nitazoxanida (Annita), esta “descoberta” pelo astroministro Marcos Pontes.
Também seria tranquilizador se o presidente da Anvisa não fosse um vice-almirante que está lá sem nenhuma experiência em vigilância sanitária, mas que fez escolta a Bolsonaro naquelas manifestações contra o Congresso e o STF.
A história de que seria o “excludente de responsabilidade” que os laboratórios estariam exigindo em seus contratos com governos deveria, em tese, ser suplantada pelo exame da Anvisa sobre sua eficácia e segurança. E isso não está sendo empecilho para os mais de 30 países que já iniciaram a vacinação, número que deve dobrar até terça ou quarta-feira.
Mas não era sobre o órgão regulador que o Presidente deveria fazer pressão pela vacina. Deveria ter feito onde não fez, exigindo do Ministério da Saúde planos precoces e completos para a vacinação, assim que houvesse vacina, com estrutura de armazenamento, transporte, suprimento de material – seringas, equipamento de proteção para os vacinadores, cadastro de acompanhamento da vacinação – importantíssimo por ser vacinação em duas doses, que devem ser de composição idêntica e aplicadas no intervalo exato.
Não fez e, por isso, ficamos para trás.
O resto é o diversionismo no qual é mestre e que nos fará, certamente, ser um dos último países a começar a imunizar seus cidadãos.
Leia nota de Bolsonaro: