Jair Bolsonaro subiu mais um degrau nas ameaças contra a Petrobras, caso a diretoria da empresa venha a seguir a orientação do seu Conselho de Administração e reajuste os preços do óleo diesel.
Diz a Folha que ele invocou, hoje cedo, a lembrança da greve dos caminhoneiros de 2018, na qual, aliando-se aos grevistas, deu um empuxo significativo à sua candidatura:
“A Petrobras pode mergulhar o Brasil num caos. Seu presidente, diretores e conselheiros bem sabem o que aconteceu com a greve dos caminhoneiros em 2018, e as consequências nefastas para a economia do Brasil e a vida do nosso povo.”(…)”Só posso entender que seria um reajuste da Petrobras agora com interesse político para atingir o governo federal.”
Há um “macaco com rabo de fora” neste caso.
O presidente e o Conselho de Administração da empresa foram, há dois meses e pico, indicados por quem?
Bolsonaro, claro.
E, adora, segundo informa Lauro Jardim, “os seis conselheiros indicados pelo governo — e que formam uma maioria no colegiado de onze integrantes — foram unânimes em cravar que a decisão de aumento de preços é da diretoria”, ou seja, vai ter aumento.
Ao longo de toda a trajetória de meses de aumentos de preços do diesel, falou-se muito que os caminhoneiros fariam greve, mas nunca se viu nem sombra disso, por uma simples razão: para fazer greve nos transportes rodoviários precisa-se da ordem patronal dos donos de transportadores, porque os autônomos não têm “gordura para queimar” com uma paralisação.
Estaria Jair Bolsonaro, no seu desespero, interessado numa paralisação que ‘terceirizasse’ para a Petrobras e para os caminhoneiros a culpa por um salto nos preços que, passada uma semana pudesse refluir e provocar uma sensação de alívio diante do “recuo para o mesmo lugar” do valor das mercadorias de consumo popular?
Parece absurdo, e é mesmo. Mas nos lembremos que absurdos são mercadoria em abundância neste governo. Aliás, “fogo no parquinho” deveria ser o seu slogan.