Fiquei aqui me perguntando se valia comentar o discurso do “bem contra o mal” de Jair Bolsonaro no lançamento de sua candidatura.
O essencial já havia dito antes dela acontecer, porque só o que ele tem a oferecer é ódio e Bolsonaro só o confirmou ao levantar a bandeira do “inimigo interno” que precisa ser exterminado:
“O nosso inimigo não é externo, é interno. Não é luta da esquerda contra a direita, é do bem contra o mal. E nós vamos vencer essa luta, porque estarei sempre na frente de vocês“.
Nada além da ditadura, que ele glorificou na pessoa do torturador Brilhande Ustra, seu “amigo”, e fez insinuações sobre o “seu” exército:
“Se para defender a nossa liberdade e a nossa democracia, eu tomarei a decisão contra quem quer que seja e a certeza do sucesso, é que eu tenho um exército ao meu lado. Ele é composto por cada um de vocês. Poderemos até perdemos algumas batalhas, mas não perderemos a guerra por falta de lutar. Vocês sabem do que estou falando”.
Mas a irrelevância do discurso presidencial fica a cargo da interpretação da mídia, onde ele perdeu, disparado, para a repercussão da inócua tentativa de proibir manifestações contra ele durante um festival.
Reclamando de um suposto e inexistente “showmício”, seus advogados conseguiram, grátis, um imenso comício pró-Lula, com direito a farta cobertura da mídia nacional.
No dia do “lançamento” da candidatura, apanhou feio para o “Fora Bolsonaro” supostamente proibido, mas que se reproduziu no festival de música que, a pedido de seus advogados, se quis reprimir.
Bolsonaro falou para seus fiéis (interprete como queira a palavra). Seus advogados, além de citarem a empresa errada, o que desconfigura qualquer ilegalidade dos vários “fora bolsonaro” que povoaram a exibição de hoje dos artistas, fizeram que a oposição a ele falasse para o país inteiro.
Cada vez mais, a população entende a violência que terá esta campanha. E vai saber evitá-la.