É escandaloso o improviso e a “catação de dinheiro” que o governo faz para pagar, correndo, os benefícios aprovados pela PEC da Compra de Votos.
Está pressionando as empresas estatais – Banco do Brasil, Caixa, Petrobras e BNDES, especialmente – a anteciparem os pagamentos de dividendos ao Tesouro e, certamente, que estes sejam- como já vem sendo, aliás – maximizados pela redução dos reiinvestimentos que precisam para funcionar com eficiência e expandir suas atividades.
Outros pagamentos e transferências – os que não puderem ser eliminados com os cortes extras na administração pública, como vai se fazer com Saúde e Educação – serão adiados ou, simplesmente, desonrados.
“Devo, não nego, pago depois da reeleição”.
O fim melancólico do governo que se dizia liberal e inflexível em matéria fiscal é um estrondoso fracasso, mas encontra caladas as vozes da “responsabilidade fiscal”, tão estridentes quando se acusou a presidenta Dilma Rousseff pela simples antecipação, por poucos dias, de pagamentos públicos, através do Banco do Brasil, com a devida remuneração ao banco público pelos desembolsos realizados.
Está claro que se está pagando com recursos não recorrentes aos da privatização da Eletrobras) e incertos (os dividendos de estatais) despesas que, ninguém duvida, se tornarão permanentes, pois será quase impossível – além de cruel – retirar as concessões que se fez aos mais pobres e a categorias como parte dos caminhoneiros e dos taxistas (porque não se sabe como os que pagam diárias pelo uso dos veículos serão beneficiados).
Não são todos, é verdade, mas boa parte da elite empresarial do país segue calada e são raros os que dizem o que precisa ser dito.
E ainda vêm com ladainhas sobre o fato de Lula dizer que dará fim a um teto de gestos que não só já não existe como, para ser restabelecido, faria com que todo o sacrifício recaísse sobre as pessoas mais humildes e dependentes do serviço público.