Bolsonaro dá um passo atrás ou toma impulso?

A grande pergunta – que vale vidas e liberdades – deste momento é se Jair Bolsonaro deu um passo atrás em seu golpismo ou se esse recuo é apenas uma acumulação de força para uma investida que vá além do ataque verbal às instituições.

Há sinais positivos, claro, como o fato de que uma nota do Ministro da Defesa, mesmo curta, tenha para bom entendedor uma resposta clara ao “não queremos negociar nada” vociferado no ato golpista de domingo.

“O momento que se apresenta exige entendimento e esforço de todos os brasileiros”, diz o texto assinado pelo general Fernando Azevedo e Silva, ajustado com os comandantes do Exército, Marinha e Aeronáutica.

Há, também, a informação do jornalista Luís Costa Pinto – de ótimas fontes em Brasília, de que o comandante do Exército, general Edson Pujol, de que não se abrissem os portões do QG da arma, para que o presidente entrasse.

Mesmo com a chicana do Procurador Geral da República de não apontar a figura presidencial no pedido de investigação sobre o ato golpista, é evidente que vai acertar em cheio o entorno de Bolsonaro e tenho minhas dúvidas que o Ministro Alexandre de Morais vá acatar o pedido de sigilo feito por Augusto Aras, estapafúrdio quando se investiga um ato público.

De outro lado, rema contra a democracia a tradição do presidente de dizer, desdizer e, afinal, fazer. Como aliás, vimos na semana passada com a demissão “cozinhada” de Luiz Henrique Mandetta.

As ruas, vazias, transformaram-se em palco das matilhas fanatizadas, sem possibilidade de resposta da oposição democrática, com a provável afluência de parte de classe média que assiste chocada a eclosão do fascismo.

Eles, uns transtornados, estão na rua e seus adversários, em casa, aliás com toda a razão.

Bolsonaro conta em ter a seu lado uma adesão dos milhões de miseráveis brasileiros e dos outros milhões que se juntarão a eles no desemprego, o que se prorrogará por muitos meses e até anos com a crise econômica, local e mundial.

Será uma longa luta, onde nenhum dos dois lados tem força para se impor.

Só temos uma certeza, ela se dará num Brasil cheio de dor e morte.

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18 respostas

  1. Brito, outro assunto, você viu isso que vai ao encontro do que você sugeriu? “Justiça manda bancos suspenderem cobrança de empréstimos de aposentados”. Isso é essencial, muitos aposentados sustentam filhos desempregados e os 6,1 milhões de aposentados que trabalham podem estar sem trabalho devido a pandemia. Só não sei se o poder dos bancos, como sempre, vai recorrer e ganhar a parada. Essa medida devia ser decidida pelo congresso.

  2. Bolsonaro não só acumula forças, a provocação de domingo foi uma arapuca premeditada. O Congresso que aprova sem dificuldades a agenda anti-povo do (des)governo não terá 2/3 contra ele e ninguém vai sair de casa com a pandemia. Bolsonaro sabe que nenhuma saída institucional o afastará do cargo, assim sente-se à vontade pra “brigar” com os outros poderes para segurar o apoio do gado.

    O golpe é um contínuo no tempo.

    1. Luis Henrique.
      É verdade. E pode ter certeza de que ele continuará agindo assim, incitando a população, e o pior, nada lhe acontecerá.

  3. Foi eleito faz o que quer. Na próxima elegem o Moro ou qualquer outra merda que a mídia apoiar. O povo brasileiro é covarde e será eternamente explorado pela elite genocida.

  4. Com todo o respeito ao Luis Costa Pinto, é difícil acreditar que se o Genocida – comandante em chefe do exército de ocupação – mandasse o oficial de dia, seu subordinado, abrir o portão do QG do exército, o oficial ia se negar porque o Pujol não deixou.

    Se o Pujol se achasse tão poderoso assim, podia, antes, ter tido uma atitude bem mais singela: proibir a manifestação de escroques na calçada do seu QG, anunciada publicamente há bastante tempo.

  5. Nenhum passo atrás: bolso são os militares, e os militares são o bolso! Todos avante na destruição da nação.

    1. Se os comandantes resolvessem dar um golpe (definitivo, afinal já há um golpe), de que lhes serviria um bunda suja? Ele só está lá pra dar uma aparência de democracia. Uma ver terminada essa falsa democracia, perde a serventia. Na verdade até atrapalha, todos sabem que foi um mau militar.

  6. O Protetor Geral da República do Bolsonistão pediu sigilo porque sabe que a bomba cairá no colo dos números 2 e 3.

  7. “Brasil cheio de dor e morte” ? Tem certeza disso ou é CONVICÇÃO ? Desculpe mas é lamentável essa certeza da desgraça, da tragédia. Uma coisa é ser realista, outra é repetir insistentemente que teremos uma catástrofe. Até porque é preciso definir o que seria “dor” nesse país de 5 séculos de miséria e fome que trouxeram doença e morte.

  8. “O momento que se apresenta exige entendimento e esforço de todos os brasileiros” = discurso de Miss Universo

  9. A senadora Tebet, um dos melhores termômetros do Congresso, disse que é praticamente impossível R.Maia aceitar pedido de impeach, NESSE MOMENTO. Seria o CAOS no CAOS disse.
    Doutra feita, passado o 1o caos, BOZO fica, se não criar caso.
    O STJ esta apertando o 01, o MPRJ o 02, e o Congresso o 03 ..a receita tb poderia apertar Micheque ..o TSE esta de plantão ..e o 00 sabe que qdo sair, sua vida nunca mais será a mesma.
    É fato que há dependência emocional do sociopata com os seus filhos, e ela é enorme.
    DE CERTO que as Instituições brasileiras estão atentas a exemplos recentes como com os Husseins, Assads, Kadaffis e Baby Docs ..e acredito mesmo que nem a direita conservadora permitiria que entre nós se instaurasse uma Dinastia da familícia Bolsonaro, pq convenhamos, RISCO todos sabem que HÁ, se ele continuar

  10. O povão miserável não muda nada na política do país a não ser através de eleições.
    Em geral é um traço negativo do Brasil, mas nos termos em que você colocou não acumula força nenhuma pra Bolsonaro.
    As únicas forças reais que Bozo tem a seu lado são os soldados de PM e Exército e alguns empresários de segunda linha tipo Madero, Havan, RR Soares, etc.
    Não é nem de longe suficiente pra dar golpe contra a mídia, toda a cúpula do judiciário, todo o congresso, grandes banqueiros e grupos econômicos, generais.
    Não tem nenhuma chance de golpe mais. Se já teve em algum momento foi logo após a eleição… já passou.

  11. O aparente juízo político demonstrado por “Bolsonero” no quebra-queixo do Alvorada, ontem, 20/4, pode ter algumas interpretações. Aqui vão duas.
    A hierarquia militar é questão básica em qualquer força armada. Assim, capitão, ainda que exonerado, bate continência para general, mesmo que de pijama.
    Testar os limites das instituições é parte da tática. Podem recuar agora, mas o autogolpe está posto desde o começo da carreira de papai Bozo e os três filhos patetas.
    Desnecessário escrever que o arrependimento é dissimulação.

  12. Chega de se preocupar com o fascista. Tudo que ele sempre fez e sempre fará, todos sabemos.
    O diagnóstico está mais que sedimentado. Agora, e como fazer para debelar a doença???
    Isso que temos que perguntar, e agir!! Onde está o país??? Cade as lideranças ( E AQUI FIQUE CLARO – TODAS ) até o CARA está patinando. Enquanto não respondermos, ou melhor, não resolvermos isso, vamos ficar no bla, bla, bla, enquanto o Brasil morre e o fascismo se consolida

  13. A tônica de Bolsonaro tem sido de avançar 3 passos e recuar 1. Se as instituições continuarem titubeantes logo ela cruza a linha de chegada. Linha de chegada para ele, fim da linha para nós

  14. Há aqui, em em meio a seara de absurdos em que chafurda a sociedade brasileira, no mínimo, mais dois:
    a) o mais alto comando das FFAA tendo que vir a público avisar que vai fazer o que é obrigado a fazer e seguir a maltratada, vilipendiada e abusada Constituição;
    b) o comandante do Exército dar uma ordem para que o comandante-em-chefe, seu superior hierárquico, seja desobedecido.

    O item “a” é absurdo necessário, considerando o passado e o risco presente de ver-se o poder armado a envolver-se em mais um outro golpe dentre os registrados na história nacional. Inclusive, por não podermos esquecer as ameaças, umas veladas e outras nem tanto, proferidas por esses mesmos oficiais comandantes contra a ordem institucional ao “alertarem” o STF quanto às decisões sobre a prisão e sobre o habeas corpus no caso do presidente Lula. Coagiram um dos poderes constitucionais e interferiram não só na decisão da corte suprema, mas, por decorrência, no desfecho das eleições presidenciais. Logo, foram golpes.

    O item “b” é a constatação da zona geral instalada. Vai no sentido de que o presidente da República não manda mais nem nos seus cachorros. Aliás, com os quais Bolsonaro sequer conta mais. Sabe que são homens de Mourão. O grande problema com essa quebra de hierarquia – por mais justificada que seja – é que fissuras na cadeia de comando costumam ser exceções que, sem o devido reparo, viram regra. Hierarquia e disciplina são os pilares de qualquer organização militar. E não o são à toa, são as salvaguardas que garantem a unidade das FFAA e sua submissão ao poder civil. Sem isso são um bando armado.

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