Bolsonaro dura tanto quanto a reforma da Previdência durar?

Pelo que se lê nos editoriais e nas colunas de política e de economia da grande mídia, se depender deles, Jair Bolsonaro fica no governo apenas até aprovar uma reforma previdenciária. Não exatamente a que propôs, mas alguma certamente durae cruel com o povo brasileiro.

Nunca assimilado, mas sempre aproveitado, Bolsonaro era, em primeiro lugar, uma ferramenta para ter-se um candidato viável eleitoralmente, uma espécie de Janio Quadros com um fuzil à guisa da vassoura que, em 1960. impôs-se sobre a “Dilma de JK”, o Marechal Henrique Lott.

Embora Jânio tenha caído por razões absolutamente diversas das que, agora, começam a ameaçar o ex-capitão, este tem razões para ser sustentado até que entregue o segundo pé da botina: a destruição da Previdência Social tal como a conhecemos desde que foi criada e o carreamento de imensas massas de recursos hoje destinados a ela para o mercado financeiro.

E isso precisa ser rápido, enquanto sobrevive o sentimento que o elevou, de forma inacreditável, à Presidência.

Este é o dilema que se coloca à frente de Jair Bolsonaro e a razão das fogueiras onde anda metido, verdade que ele próprio fornecendo farto combustível para isso.

Todo o desprezo que teve, desde a eleição pela montagem de uma base parlamentar tem de ser suprido agora, às pressas e o caminho que sobrou para isso, depois que renunciou à opção de formar um ministério minimmente “político” (o seu é militar e ideológico, ou malucológico, como queiram) , foi entregar-se ao neocacique Rodrigo Maia.

Mas nem assim a falta de jeito próprio e a falta de cintura de seu esquema palaciano, mais acostumado a posições de sentido que ao rebolado dos arranjos políticos o permitiu.

Inventaram um “banco de talentos”, cheio de regras, exigências curriculares e, pior, com o dedo duro de quem foi o deputado indicador.  Qualquer um sabe que os “melhores” cargos vão atrair dois, três, quatro ou mais deputados e para cada um que for aquinhoado, outro será “desprestigiado”. Pior, cada indicação, exposta previamente, vai virar alvo de dossiês de adversários, loucos para o “queimarem” em benefício do seu pretendente.

Insatisfação na planície é mau indicador para que caciques topem fazer as coisas rapidamente.

Os governistas que não tomam chá de olavo sabem que têm, hoje, cerca de 200 votos e precisam adquirir no “varejo” algo acimade 100 outros.

Poderia começar cedendo logo ao início nas maldades com idosos e aposentados por invalidez, para melhorar o clima. Mas, imediatamente, vai empacar na questão da aposentadoria rural, sem a qual os estados e municípios do Nordeste e prefeituras do interiorzão do Sul e até de São Paulo vão ver piorar dramaticamente suas economias.

Enquanto isso, no meio urbano e em especial junto à classe média, Bolsonaro vai queimando o seu capital não só pelos casos alaranjados que vão surgindo com seu partido e com seu flho, mas por atingir em cheio as expectativas de aposentadoria, seja pela obrigatoriedade de idade, mesmo com tempo de contribuição, seja pela elevação para 40 anos ou mais o período exigido para ter direito a jubilar-se.

Nas corporações bem aquinhoadas do serviço público já recolheu poderosa oposição com as alíquotas que anunciou adotar, mais como discurso “Robin Hood” como solução para a arrecadação.

Para enfrentar oposições por tantos lados, o ex-capitão terá aprender o que o caso Gustavo Bebianno mostrou que não sabe: ceder e comportar-se.

O que também lhe é danoso diante de seu núcleo fanático.

Bolsonaro terá de correr para ganhar esta batalha, mas paradoxalmente, quanto mais rapidamente vencê-la, mais perto estará de perder a guerra.

 

 

 

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9 respostas

  1. Fico me perguntando o que está acontecendo na cabeça dos malucos que elegeram esse desclassificado. Por enquanto acredito que estejam em estado de choque, resistindo à idéia de terem sido autênticos quadrúpedes na hora de votar. É uma espécie de “luto” pela morte de seus ideais violentos, insanos, estúpidos. Mas isso vai passar e uma nova revolta tomará lugar. Resta saber em que direção vai se voltar desta vez.

    1. Tenha certeza de uma coisa: a parte imbecilizada da classe média vai perder muito, mas não a pose. Né não?

  2. Esse, é mais um texto primoroso de Fernando Brito,…PARABÉNS ! Levados pelas fake news, o povo brasileiro deu carta branca aos criminosos, que agora têm pressa, para fazerem o “trabalho sujo” dos banqueiros, antes de serem descobertos.

  3. Pois é. Eu estava pensando sobre isso. Uma vez Requião falou algo do tipo: “por que ninguém pergunta nada aos banqueiros? Eles sabem toda a rota do dinheiro.” Bingo. Essa sempre foi a chave da questão. Por que só há pouco o COAF ventilou esse escândalo do Flávio? Chantagem. Eles querem a Reforma da previdência. Eles estão pressionando o mentecapto do presidente. Espero que errem bem a mão. Como erraram com Temer.

  4. E dp q passar reforma previdenciária, o passo seguinte é o fim do 13º, adicional de férias, e o tão sonhado fim das férias….tremei….

  5. Um morto político que só prolongará a sua permanência se, assumir o cargo pensado e definido pelos executores do GOLPE ,o de uma figura decorativa.
    Ao invés de su figura crescer nas reuniões ministeriais com o pasar do tempo,ela irá sendo diminuída pelo seu parceiro de chapa.Um sedento de poder como o mulão é a pior companhia que o miliciasno podería ter arranjado.
    A saída exigida pelos generais dos pitfilhos do seu entorno,o deixará ainda mais isolado e sem apoio nenhum.
    Nas reunióes futuras ele será pendurado na parede e só será retirado quando esta terminar ,um simples quadro decorativo(de péssimo gosto).

  6. Se Bolsonaro durará tanto quanto a disforma da previdência? Depende, se os abutres resolverem limpar os ossos do povo, durará.

  7. O ensaio para a eleição de Bolsonaro foi feito a conta gotas, desde as manifestações que o país conheceu nos últimos anos. O grupo de militares, timidamente já mostrava sua cara nos protestos. Muitos não ligaram para isso, depois, foi só encontrar um candidato do perfil de Jair com o aparato das redes sociais pra completar a trama. O Brasil mudou???

  8. aqui e ali já começam a aparecer coros de eleitores insatisfeitos com o bozo: ‘ pô, lá em casa todo mundo votou nele e agora isso!’. Um dia queira Deus e o bom Capeta, essa gente terá q acordar dessa eterna letargia por alguma razão q já não foi a mudança na lei trabalhista

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