Bolsonaro grita porque doeu

Na live de ontem, para desespero do Centrão, Jair Bolsonaro não demonstrou ter mudado em um milímetro seu comportamento político- eleitoral.

De novo, ataques aos ministros do TSE – desta vez, é Edson Fachin que é “acusado” de esquerdista e lulista – e novamente a omissão completa de qualquer ação contra o sofrimento da população, exceto o de culpar outros pelo problema.

A impressão que se tem é a de que veremos um candidato cada vez mais radical e isolado, que já não encontra limites em suas palavras e atos e o perigo está justamente aí: este candidato é o presidente da República, tem o controle de grande parte do Legislativo, tem o comando e a cumplicidade das Forças Armadas.

A fera, ferida, tem muitos dentes e garras para reagir e provocar danos.

Os 56% que, segundo o Datafolha, acham que as ameaças golpistas de Bolsonaro devem ser levadas a sério pelas instituições são, ao contrário do que parece, pouco. Até porque incluem os que, por isso, as apoiam.

Entre eles, a nossa elite econômica, que “exige” de Lula um plano econômico detalhado, mas se queda muda diante do bundalelê fiscal e econômico que Bolsonaro e Arthur Lira botam para ferver no país.

A mídia, como mostra o editorial de O Globo – sim, este que Bolsonaro compara ao demônio -, segue se camuflando com “terceiras vias” (leia-se qualquer um) e defendendo um adiamento da manifestação de repúdio já evidente da população em primeiro turno e confiante que, por uma vitória final, o sapo concordará em ser príncipe.

O Brasil agrário (ruralistas) e do poder religioso fundamentalista (com os pastores evangélicos assumindo o lugar do clero católico) ressurgem com um poder que há mais de meio século (inclusive na ditadura militar) não tinham.

O apoio de mais da metade dos que se identificam como “empresários” no Datafolha mostra que dinheiro e ódio ainda não se descolaram um do outro.

São a estes três valores – dinheiro, agro e fundamentalismo religioso – que se agarrará, travestidos no deu “Deus, Pátria e Família”.

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