Bolsonaro já não governa e não tem mais dentes para mostrar

Com todos os acenos e até humilhações, Jair Bolsonaro parece não ter conseguido qualquer reversão no mau-humor do Supremo e do Senado.

Só a Câmara, sob o comando de Arthur Lira, faz-lhe gestos de agrado mas, como se sabe, o Centrão é tão confiável quanto o presidente, que diz (ou grita) e logo se desdiz.

A devolução da MP das Fake News, um monstrengo que confunde liberdade de expressão com liberdade de disseminar mentiras e boatos, é a cota do Senado, que vai se ampliar nas decisões sobre impostos e na provável rejeição da PEC dos Precatórios, que já não terá vida fácil na câmara baixa.

O Supremo, que com liminar de Rosa Weber também suspendeu a MP, deve derrubar o decreto armamentista baixado por Bolsonaro e mantém, pendurada sobre a cabeça do clã, o julgamento sobre o foro privilegiado de Flávio e a participação de Carlos Bolsonaro na indústria de difamação bolsonarista pelas redes.

A um ano e quatro meses do final de seu mandato, vai se tornando o que os americanos chamam de lame duck (pato manco, em tradução literal), um presidente com poucos poderes, que perdeu o mando e o apoio.

Mas ele, infelizmente, não é assim, porque não se conformará com o fim inglório de seu período.

A pressão sobre ele não deve cessar e, mesmo com poucas esperanças que, nos dois meses de funcionamento do Legislativo que temos até o final do ano, possa ser iniciado um processo de impeachment, é preciso constranger a maioria parlamentar que o impede de que, da mesma forma, mais poderes não lhe devem ser concedidos.

Bolsonaro perdeu a chance de intimidar com as duas forças que poderia ter: uma adesão das Forças Armadas a seu golpe e a ousadia de suas falanges.

Ele está juntando os seu cacos e tentando mostrar ser o conciliador que jamais foi. E até as pedras da estradas sabem que isso é falso e apenas tática.

Pretender apoiar qualquer coisa que faça, alegando estar se cuidando do interesse público, é fazer seu jogo.

Para que seja, mesmo, um pato manco, é preciso que perca o apoio onde é mais frágil, na situação econômica do país.

 

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