Bolsonaro manda dizer que só ele fala com a China

O Governo Federal soltou uma nota oficial dizendo que é ele “é o único interlocutor oficial com o governo chinês” e anunciou que vários ministros estiveram hoje com o embaixador daquele país, Yang Wanming.

Seria, claro, a ordem natural das coisas se o Brasil tivesse um comportamento diplomático normal, já nem digo eficiente.

Mas o governo brasileiro fez questão absoluta de criar provocações diretas ao parceiro oriental, feitas pelos “filhos” e pelo próprio Bolsonaro.

Foi uma evidente reação à visita de Rodrigo Maia à embaixada, hoje cedo, o que só a torna menos eficiente.

Por mais que o embaixador se esforce – e ele não tem razão pessoal para isso, seja pelos ataques grosseiros que recebeu como ser de seu dever profissional informar que o presidente do Brasil é e sempre foi um antivacina – o pedido brasileiro vai para a pilha de papéis a ser despachados.

Aliás, a diplomacia chinesa, nestes dias, vai estar totalmente debruçada sobre os primeiros dias do governo de Joe Biden e vamos ouvir, com sorte, um “estamos providenciando” a respeito da liberação dos embarques da matéria prima para a fabricação de vacinas.

De fato, o governo chinês anunciou hoje sanções a 28 funcionários do governo Donald Trump, entre ele o ex-secretário de Estado, Mike Pompeo, que foi chamado, numa entrevista, de ““é um político conhecido por mentir e trapacear, um palhaço que está se tornando motivo de chacota”, segundo noticia a Folha de S. Paulo.

Obvio que os chineses não acham que Biden vá aprovar a proibição de ingresso de cidadãos seus na China, adotada neste anúncio, mas sabem que ele o receberá como um sinal de que é preciso travar a postura anti-China que vem sendo exposta pelo novo ocupante da Secretaria de Estado dos EUA, Anthony Bliken.

Diante destes movimentos, nosso precioso insumo para vacinas é assunto de terceira categoria.

Com chineses, que não são apressados, isso é mau sinal.

Pode haver um gesto de boa vontade, de liberação tanto dos insumos para o Butantan – que está com sua linha de produção parada por falta de matéria-prima parada desde domingo – quanto os da Astrazêneca, que está devendo insumos para a Fiocruz.

Mas pode haver “meio” gesto, liberando a exportação para o Butantã e alegando – o que não é improvável – que faltam procedimentos admnistrativos para que saia o material da planta da Astrazêneca na cidade de Wuxi, próxima a Shangai.

Ah, sim, porque para desespero de Bolsonaro, a “vacina de Oxford” é, também, uma “vachina”.

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