Governo lança “campanha” de vacinação. “Só” falta a vacina

O Governo Federal está lançando hoje uma campanha de publicidade para chamar a população para vacinar-se contra a Covid-19.

Seria necessário, útil, imprescindível mesmo a não ser por um pequeno detalhe: não há vacinas para a população vacinar-se.

O que há, até agora e no próximo lote a ser liberado, talvez na próxima semana, mal dá para cobrir a parte (34%) do pessoal da saúde diretamente envolvido no atendimento aos pacientes do novo coronavírus e aos infelizmente poucos índios ainda residentes em aldeamentos e os poucos idosos e deficientes albergados em instituições.

Portanto, para estes públicos, não são as pessoas que vão procurar a vacina, mas os vacinadores que irão procurar as pessoas.

Não há a menor possibilidade de começarmos a vacinar pessoas que compareçam aos postos antes da segunda quinzena de março, porque não há vacina para eles, os idosos, que ficaram fora do primeiro grupo de públicos prioritários.

A campanha – que custa os mesmos R$ 50 milhões que as doses de vacina imaginárias que pagamos ao laboratório indiano, vai durar seis meses. Pois daqui a seis meses ainda estaremos – com sorte – vacinando os idosos, o que justificaria um foco definido nesta faixa etária, o que não existe no filme apresentado.

Lançar uma campanha para que as pessoas se sintam motivadas a vacinar-se sem que elas possam vacinar-se, senão numa data distante e ignorada é, além de desperdício, uma ação de comunicação que gera confusão, frustração, além do abalo de credibilidade na eficácia da imunização que a convivência entre uma vacinação em massa imaginária e altos índices de infecção e morte pode causar.

A campanha de comunicação que o momento exige, com a escalada de casos e mortes (hoje foram 64,4 mil e 1.340, respectivamente) é o de reforçar as medidas de precaução, para evitar que os próximos 60 dias nos levem à hecatombe que está acontecendo pelo mundo.

Campanhas de comunicação são essenciais para levar as pessoas a se vacinarem, não para produzir uma falsa imagem de preocupação sanitária de um governo que não esforça para que a vacina chegue a todos.

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