Bolsonaro, o “cala toga” que não morreu

“E nós aqui temos tudo para sermos uma grande nação. Temos tudo, o que falta? Que alguns poucos não nos atrapalhem. Se não tem ideias, cala a boca. Bota a tua toga e fica aí. Não vem encher o saco dos outros”.

A declaração de Jair Bolsonaro, no ato que marcou a saída de nove ministros de Estado que vão disputar as eleições é, para os que ainda acham que o atual presidente é apenas, como outros, um dos concorrentes às eleições, algo que deveria fazê-los enxergar que ele é, antes de tudo, uma ameaça às eleições.

É evidente que há uma escalada, até agora verbal, de Bolsonaro contra o STF e, especialmente, sobre o Tribunal Superior Eleitoral que õe em risco os resultados da manifestação da soberania popular através do voto.

Está, de novo, criando entre seus adeptos um estado de histeria que só os dispõem a aceitar um resultado, exatamente aqule que hoje é o menos provável. Está urdindo, nos comandos das Forças Armadas, uma situação em que se insinua a adesão de toda a instituição ao seu projeto eleitoral, com a colocação do general Braga Netto na posição de candidato a vice e o controle de todas as camadas de autoridade militar, do Ministério da Defesa até os comandos e estados-maiores.

Sob a proteção de um Legislativo transformado em aberto balcão de negócios e de uma Procuradoria Geral da República balofa e inerme como a que se tem hoje, Bolsonaro avança com pouca resistência institucional.

Aposta que um clima de histeria lhe dará vantagem e, sobretudo, lhe permitirá contar com a força para apoiar baderneiros e insurgentes que não aceitem o resultado das urnas.

Enquanto isso, os políticos que se dizem liberais e democratas só fazem críticas à esquerda, como se fosse ela quem está ameaçando o Estado de Direito.

Não há espaço para titubear. Não é preciso integrar ou apoiar um eventual governo Lula, mas entender que, sem aquele que tem condições de derrotar o que temos, nem a democracia capenga e danificada que temos hoje existirá amanhã.

 

 

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