Como aqueles menino folgado, que depois de levar um “esfrega” na rua vão procurar o irmão mais velho para “se garantir” e posar de valentão, Jair Bolsonaro, depois da coça pública que levou na questão da vacina, correu atrás dos militares para simular coragem:
“Quem decide se um povo vai viver na democracia ou na ditadura são as suas Forças Armadas. Não tem ditadura onde as Forças Armadas não apoiam”.
De fato, um regime de arbítrio e insanidade não se sustenta se não tiver nas armas, seja a sua força, seja a sua ameaça.
O seu governo, Jair Bolsonaro, só foi e é possível porque uma camada de generais que se acha dona do Brasil resolveu ajudar a colocar um moleque como você à testa do País e – reconheça-se o adjutório da mídia, do empresariado e da grande imprensa para torná-lo eleitoralmente viável.
Ou sem o generalismo, o morismo e o globismo, um restacuera reles como o atual presidente teria sido eleito.
Estes generais, criminosamente, abriam as portas dos quartéis, para o “mito” – o sindicalista verde-oliva e embaixador das milícias – insuflar a tropa, prometer vantagens e benefícios e retirá-la de seu papel constitucional de defensora da soberania nacional e das liberdades civis.
É claro que, para os de alta patente, a recompensa veio rápido, com os aumentos de soldo e alguns milhares de “boquinhas” na admnistração do país. Para a soldadesca, evidente, só o fetiche da arma, na morte impune e do direito à brutalidade.
Em troca, se humilham diante de um desclassificado e nada há de mais simbólico – tristemente simbólico, diga-se – que a ocupação militar do Ministério da Saúde, que se tornou símbolo do genocídio que ocorre neste país e na negação da ciência, antes tão cara aos fundadores do Exército, positivistas.
É um general, e da ativa, que pôs lá para fazer o papel de algoz da população e para bagunçar a organização por anos impecável dos programas de vacinação brasileiros. E o trata como a um cão, tratamento que é correspondido na base de “um manda, o outro obedece”.
Jair Bolsonaro é tão estúpido que nem mesmo um agradecimento formal – seco, que fosse – ao envio de oxigênio da Venezuela aos moribundos de Manaus foi capaz de fazer e limitou-se a dizer que “vamos receber, sem problema nenhum”, para depois, grosseiramente, criticar o presidente daquele país.
“Nós, militares, somos o último obstáculo para o socialismo”, disse, como se as Forças Armadas devessem ser um “exército ideológico” do capitalismo ou, quem sabe, mesmo capitães do mato dos empresários.
Que socialismo, Bolsonaro? De quem se tomou uma propriedade, bens, dinheiros? O que foi estatizado, desapropriado, confiscado?
Jair Bolsonaro, embora o pesadelo de tê-lo como presidente pareça longo, é transitório; as Forças Armadas são uma instituição permanente. Que, por muitos anos depois de que o “Mito” tenha se espatifado, pagará caro por sua cumplicidade com esta nódoa imunda de nossa História.