Bomba! Estagiário assume lugar de Merval!

Nunca foi tão divertido ler Merval Pereira! Em seu texto de hoje, o principal colunista político da Globo Overseas Investments B.V. (BV seria bônus de volume?), se ajoelha no milho e renega tudo que disse na véspera. Tive a impressão de ler o texto de outra pessoa, talvez um estagiário do próprio Merval, que teria sido internado às pressas com problemas de depressão.

Merval ontem: “Outro fato importante é que pessoas que tiveram acesso às mais de 1.500 páginas do inquérito garantem que os documentos, depoimentos e trocas de e-mails de executivos da Siemens em poder do CADE não citam uma única vez o PSDB e o governador Geraldo Alckmin. (…) Os delatores premiados da empresa também não citam nominalmente em nenhum momento os funcionários públicos da CPTM ou do Metrô como praticantes de atos ilícitos como recebimento de propinas e comissões em licitações públicas.”

Merval hoje:(…) com relação à ação da Alstom junto à Empresa estatal de energia EPTE, contas bancárias já bloqueadas no valor de 7,5 milhões de euros, e diversos funcionários públicos identificados, além de lobistas com empresas de offshore que teriam sido os intermediários do pagamento de propinas, através de uma conta conjunta no Banco Safdié em nome de Jorge Fagali Neto e de José Geraldo Villas Boas. (…)

Fagali é ex-secretário de Transportes Metropolitanos de SP (1994, gestão de Luiz Antônio Fleury Filho) e teve diversos postos na administração federal nos governos do PSDB. Villas Boas é dono de uma das offshores acusadas de lavar dinheiro do esquema. Nesse caso da Alstom no setor de energia, a Polícia Federal indiciou várias pessoas, inclusive o atual vereador tucano Andrea Matarazzo que era Secretário de Energia estadual na época, e trata o caso como sendo um crime do partido político PSDB, como denunciou ontem o jornal Estado de S. Paulo: “esquema de pagamento de propina a integrantes do governo do Estado de São Paulo e ao PSDB pelo grupo francês Alstom.

Os mesmos personagens estão envolvidos em outras investigações em contratos da Alstom, além do conselheiro do Tribunal de Contas de São Paulo Robson Marinho, homem de confiança do ex-governador Mario Covas. Nas investigações sobre a ação da Siemens, dois ex-diretores da CPTM estão sendo investigados pelo Ministério Público paulista, além de dois “consultores” que teriam recebido depósitos em empresas “offshore”. (…)”

Merval ontem:A ação individual de um político desonesto é menos danosa para a democracia do que a de um grupo político organizado, que se utiliza dos esquemas de poder a que chegou pelo voto para se eternizar nele. Foi o que aconteceu justamente no mensalão do PT (…) Se as investigações do caso Siemens em São Paulo levarem à conclusão de que o PSDB montou um projeto de poder em São Paulo desde o governo Covas, passando por Geraldo Alckmin e José Serra financiado pelo desvio de verbas públicas, estaremos diante de uma manipulação política com o mesmo significado, embora com alcance regional, enquanto o mensalão tentou manipular nada menos que o Congresso Nacional.”

Merval hoje: “(…) É nas investigações da Polícia Federal e do Ministério Público estadual que as questões criminais deverão ser desvendadas, para que fique esclarecido se as ações de corrupção ocorreram ao longo dos últimos 20 anos de governos do PSDB, se foram ações isoladas ou se correspondem a uma ação política do PSDB para financiar o partido durante esses anos todos de poder estadual. As evidências estão se avolumando nas revelações feitas nos últimos dias, e dificilmente o partido sairá imune desses episódios (…)”

Caso tenha sido a mesma pessoa que escreveu as duas colunas, a segunda nos parece que leu os jornais, enquanto a primeira sofre de algum tipo de delírio tucânico extremamente agressivo.

Bem, ironias à parte, sabemos muito bem que o velho Merval de guerra, sempre leal, confiável e obediente aos interesses de seus patrões, escreveu ambos os textos. A prova é que ele inicia a sua coluna hoje com uma defesa de José Serra que chega a ser constrangedora. Merval não tem sequer a dignidade de trazer dados ou documentos para embasar sua defesa.

Há vários furos nas declarações de Serra. O primeiro e mais gritante é que ninguém mais sequer discute que houve acordos sim entre as empresas, houve formação de cartel sim e houve participação direta sim da cúpula partidária. E agora o nome de Serra é citado como protagonista direto  de uma maracutaia. O tucano tem direito de se defender e gozar da presunção de inocência, embora estes princípios não tenham sido muito respeitados em nossa imprensa.  Mas um jornalista que se preza, diante de tantas provas, depoimentos e testemunhas (não mais indícios, ilações, domínios de fato), deve ter “dupla cautela” antes de acreditar tão inocentemente nas palavras de um acusado.

Facebook
Twitter
WhatsApp
Email

7 respostas

Os comentários estão desabilitados.