Brasil está baratinho, mas ninguém quer comprar

A Folha de hoje coloca em números chocantes o que aqui já vinha sendo chamado de enxurrada de dólares, mas para fora do Brasil.

“No total, o saldo entre aplicações e retiradas de não residentes ficará negativo em US$ 24 bilhões (R$ 134 bilhões) entre janeiro e dezembro. Em 2019, as saídas somaram US$ 11,1 bilhões (R$ 62 bilhões).”

Já os investimentos estrangeiros diretos – de longo prazo, levarão um tombo dos R$ 80 bilhões que se previa no início do ano para algo em torno de R$ 50 bilhões.

Considerando que o real caiu mais de 40% em relação ao dólar, é possível afirmar que o resultado é muito pior do que a conta aritmética. Afinal, os ativos brasileiros estão a preço de banana com o dólar em R$ 5,60 e e flertando com os seis reais.

O tamanho do rombo das contas públicas, que atingirá perto de R$ 1 trilhão ao final do ano, a escalada da dívida da União para perto de 100% do PIB, e as desconfianças de que o teto de gastos será “driblado” pelo governo empurraram os juros pagos pelo Tesouro para o dobro da taxa oficial em operações de meros 24 meses. Nas de prazo mais longo, já está acima de 8% e, ainda assim, pouco procurada.

O mercado financeiro, embora finja o contrário, está mais preocupado que os gastos de auxílio público continuem pressionando a dívida pública em 2021 do que com o festival de queimadas que assola o Brasil, embora isso dê cobertura a um discurso politicamente correto.

Passamos, de país do futuro, para o pouco que temos a ser o país do passado.

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