O que explica o interesse de romper a modorra da semana de Festas e fazer buscas e apreensões em gráficas que serviram à campanha da chapa Dilma-Temer à procura de documentos que, diante de uma investigação que tem quase dois anos e que, sendo em algo seriamente comprometedores, já teriam sumido do mapa?
Esqueça aquele negócio de que a lei é para todos, porque se você procurar na história das decisões de tribunais a relação dos que foram cassados por irregularidades em despesas de campanha você encontrará apenas prefeitos de cidades do interior ou aqueles que incomodavam muito gente poderosa, como foi o caso do finado Jackson Lago, vitorioso no Maranhão contra a oligarquia Sarney.
E irregularidades em registro contábil de gastos se vai achar em qualquer campanha eleitoral e, até, em qualquer empresa.
Embora o prazer mórbido de “cassar a cassada” Dilma Rousseff possa existir, ainda é muito pouco para levar à tamanha abnegação. Afinal, em relação a ela, a ação, em grande parte, “perdeu o objeto”, como dizem os advogados.
Mas não em relação a Michel Temer.
É nítido que se trata de preparar um alçapão sobre ele que, ainda é cedo para dizer, será usado ou não.
E um alçapão que, a esta altura, tem mais chance de levar a caminhos obscuros do que a uma saída eleitoral.
A judicialização da política nos levou a esse ponto. São senhores sem voto que decidem se o voto valeu, vale ou valerá alguma coisa.
Da nossa “democracia” da ditadura onde um colégio de generais elegia o “presidente” tirou-se o dólmã, vestiu-se a toga.