No Brasil, um “mercado” de nariz torcido vale muito mais que uma multidão esperneando.
Em pouco mais de 12 horas já ficou claro que a proposta de tirar recursos do pagamento de precatórios para financiar o “Renda Brasil”, como se diz na gíria, “babou”.
Como do Fundeb há pouco que tirar – e já não ia ser fácil reverter uma decisão de aumentá-lo que tem pouco mais de um mês e que contou com a quase unanimidade do Congresso – ficou claro que a “pedalada” em cima das dívidas da União – grande parte dela com aposentados, pensionistas e funcionários – reconhecidas em juízo seria de grande porte, algo como R$ 38 bilhões.
A natureza alimentar de parte dos débitos serve de boa cobertura política para a parte que assusta de verdade: as contas a acertar com empresas, que, essa sim, merece o nome de “calote” que recebe hoje da mídia.
Como se antecipou ontem, a legalidade das chicanas usadas pelo governo para aumentar despesas fingindo que não rompe o teto de gastos já passou a ser fortemente questionada, mas é possível que nem isso seja necessário.
A ideia “genial”, está ficando claro, não tem apoio no Congresso para obter o quorum de aprovação necessário a emendas constitucionais.
A turma do Paulo Guedes vai ter de voltar às pranchetas para imaginar outra saída, porque essa, ao que tudo indica, já se foi.