Candidatos do PDT jamais foram Brizola; não podem se achar ‘donos’ de seu legado

Os leitores e leitoras deste blog sabem que aqui não se afirma que Brizola estaria assumindo esta ou aquela posição política, exceto nos princípios que sempre nortearam a sua vida, antes e depois do regime militar.

Muito menos se pretende “psicografar” posições eleitorais do líder a quem servi durante mais de 20 anos. Seria indigno para com ele e, sobretudo, uma tolice: Brizola era tão coerente quanto inconvencional em suas ideias.

Todos sabem que há companheiros de Leonel Brizola apoiando Lula, Ciro e, provavelmente, outros candidatos.

Como surgiram, porém, estas críticas de dirigentes e candidatos do PDT à inauguração de um comitê “BrizoLula”, de companheiros do velho líder, para apoiar o candidato do PT, e o presidente do PDT chama isto de “uma provocação, sem legitimidade”, acabo por ter de meter minha colher no assunto.

Em primeiro lugar, não vejo porque seria “ilegítimo” gente que militou ao lado de Brizola até a sua morte, passados 18 anos (agora, dia 21 de junho), possa fazer o que metade do povo brasileiro faz e ele próprio fez, vparias vezes: apoiar Lula.

Em segundo lugar, não é possível reconhecer autoridade moral para se pretender herdeiro do brizolismo quem nunca foi do partido do Brizola vivo e só entrou no PDT muito tempo depois, quando já não tinha que, como muitos de nós fizemos, enfrentar os preconceitos, perseguições e antipatias que o poder econômico e sobretudo a mídia só parou de fazer contra ele depois de morto.

Nem Ciro Gomes, nem Rodrigo Neves, nem – muito menos – Cabo Daciolo, esta caricatura que se diz candidato ao Senado por aqui (uma loucura para quem teve, como Brizola, Darcy Ribeiro disputando esta vaga) – foram filiados ao PDT enquanto Brizola dirigia e inspirava o partido.

Todos eles tinham idade e atividade política para estarem no PDT com Brizola, e não estiveram. Ninguém os desqualifica por isso, mas menos pretensão seria-lhes muito adequado.

Ciro, diga-se a verdade, contou com seu apoio a 2002, mas sou testemunha pessoal de que, diante dos perigos que rondavam a eleição de Lula apenas no segundo turno, Brizola apelou a ele, sem sucesso, por um gesto de grandeza. Nunca saberemos se ele, hoje, com mais razão, faria o mesmo.

Não pude estar na inauguração do Comitê, apesar do convite gentil que me fez o amigo Leonel Brizola Neto, ex-vereador e pré candidato a deputado pelo PT. Mas estaria, se pudesse, e diria o mesmo que estou dizendo aqui, ao contrário de um bando de oportunistas que nunca estiveram com Brizola em vida mas, depois de morto, querem o monopólio de seu legado.

Brizola nunca teve “dono” político, não seria agora que alguém teria o direito de adonar-se de seu legado.

 

 

 

 

 

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