Para nós, seria ir junto, meio que de favor.
Mas para os militares, “tomar carona” é ser preterido numa promoção e é justamente isso o que O Globo escancara hoje ao tratar da pressão do Centrão para que Jair Bolsonaro desista de indicar Braga Netto para a vaga de vice em sua chapa e o substitua pela ex-ministra Teresa Cristina, hoje candidata ao Senado no Mato Grosso do Sul.
Teresa Cristina, dizem, ajudaria o presidente a mitigar a sua rejeição entre o eleitorado feminino e, além disso, teria articulação política mais fácil que o soturno general, que tem o estilo de “Ajudante de Ordens” de Bolsonaro. Neste caso, ele voltaria ao Ministério da Defesa.
Política e eleitoralmente seria o óbvio, porque as duas premissas são verdadeiras e, de quebra, é um nome que agradaria o agronegócio.
Mas não são a política e o eleitoral que – perdoem o paradoxo – ditam esta “eleição”, é o golpe.
Depois de Braga Netto ser extra oficialmente (“tem 90% de chances de ser meu vice”, já disse Bolsonaro) indicado e de ter, na prática, assumido o comando das Forças Armadas, através dos dublê que tem no Ministério da Defesa, não se sabe como seria recebido este “troca-troca” no setor militar, que quer poder, não apenas mais cargos.
A alegação que um vice militar desestimularia tentativas de golpe e de impeachment contra Bolsonaro – o que seria um Mourão, Parte II – é uma tolice e Arthur Lira já mostrou que é mais simples corromper o Congresso.
Braga Netto não teria, como vice, golpes a evitar. Mas é muito útil para quem tem estas intenções, é mais que útil, é indispensável.
Sem a adesão absoluta dos militares, um golpe contra os resultados das urnas, mais que ser inviável, como é hoje, passa à conta do impossível.
O general, portanto, não vai “tomar carona” de Teresa Cristina na chapa presidencial. A não ser que Bolsonaro desista de suas intenções golpistas.