Cercas contra os refugiados sírios não vão deter ameaça da poliomielite

cerca

A imagem aí de cima não é da guerra da Bósnia, nem de uma fronteira de Israel.

É parte dos  40 km de  cercas que os dois países da União Europeia – Grécia e Bulgária – que fazem  fronteira com a Turquia construíram para evitar a entrada de milhares de sírios que fogem de seu país por causa de uma guerra civil alimentada…pela União Europeia.

“Numa altura em que cerca de três milhões de refugiados sírios procuram fugir à guerra e à destruição, a UE manda construir barreiras de arame farpado, instala câmaras de vigilância e envia navios de guerra para o Mediterrâneo, para impedir a entrada dos refugiados”, diz o jornal dinamarquês  Jyllands-Posten.

Mas a monstruosidade que levou o Ocidente a estimular o conflito armado na Síria, inclusive com o fornecimento de armas – americanas e europeias – tem um efeito muito mais perverso.

A Síria, que não registrava casos de poliomielite há anos, já tem 17 casos notificados. Pode parecer pouco, mas é um imenso risco pela capacidade de contágio da doença, ainda mais quando milhões de refugiados se espalham para onde conseguem ir.

Até o ano passado, a humanidade tinha conseguido reduzir os casos de pólio a apenas 223, em apenas três países: Afeganistão, Nigéria e Paquistão.

polio-mapUm artigo na Scientific America, agora, aponta o risco de volta da doença na própria Europa – que não registra um caso desde 1998, quando foi notificado um caso na Turquia. Na Síria, porém, a guerra fez cair a taxa de vacinação e a pólio reapareceu.

Agora, a revista diz que o risco de a doença voltar a ocorrer na Europa é real “em muitos países, incluindo a Ucrânia, Romênia e até mesmo alguns países mais ricos, onde as taxas de vacinação contra a poliomielite podem ser de qualidade inferior. Até 12 milhões de crianças da União Europeia não são vacinadas contra a pólio.”

A clandestinidade a que se vêem forçados os sírios ao ingressarem em outros países ainda piora a situação, porque elimina qualquer tipo de controle sanitário.

A intervenção e a guerra só levam a isso: à barbárie, ao desterramento de populações e a degradação das condições de vida – literalmente, de vida – de milhões de seres humanos.

A única guerra na Síria em que o Brasil deve tomar partido e agir é essa, que a muito custo, por três décadas, vencemos ao erradicar a pólio e cessarem os conflitos alimentados pelos estrangeiros.

Não apenas ajudando os nossos irmãos da Síria – origem de tantos brasileiros – mas não descuidando de seguir aqui as campanhas para que a vacinação não baixe sua cobertura, até que a pólio seja erradicada de todo o mundo, o que parecia estar mais perto de acontecer do que agora.

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2 respostas

  1. O que os rotarianos americanos e europeus pensam sobre este resultado do erro de seus governos ao incentivar o terrorismo na Síria.

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